Assembleia dos educadores de Fortaleza
PSTU Ceará

O Portal do PSTU-Ceará entrevistou os professores Felix e Maria do Carmo. Ambos ensinam no município de Fortaleza e são parte do grupo da CSP-Conlutas na direção do Sindiute (Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação do Ceará). Os professores falaram sobre a greve do primeiro semestre deste ano, da situação da educação e da preparação das lutas para esse segundo semestre contra os ataques do prefeito Roberto Claudio e do presidente Temer. Confira a entrevista:

PSTU-Ceará: Que balanço você faz da greve que ocorreu no primeiro semestre desse ano? Os trabalhadores estavam dispostos a enfrentar o Roberto Claudio? Fale sobre as mobilizações que estão sendo convocadas pelas categoria e sobre a possibilidade de uma nova greve nesse segundo semestre?
Professor Felix
: Os trabalhadores estavam com muita disposição de lutar. Nossa greve no primeiro semestre foi longa e radicalizada. Inclusive, houve uma ocupação do prédio da Secretaria Municipal de Educação durante quatro dias. A greve foi uma resposta aos ataques do prefeito como a negação do prefeito de reduzir a carga horária de trabalhos dos professores com 20 anos de sala de aula ou 50 anos de idade, dos ataques à licença prêmio, ao anuênio, a recusa de Roberto Claudio pagar o piso e a perseguição aos professores readaptados com problemas de saúde. Agora a situação é ainda mais grave com o anúncio do reajuste zero da prefeitura. A maioria da direção do Sindiute, que é do PT/CUT, mobilizou muito pouco, a assembleia que deflagrou a greve foi bem rápida e não teve nem intervenção da base, muitos professores no início nem sabiam que estávamos em greve, e ainda assim o movimento foi forte. Na semana passada nós fizemos mais uma assembleia na categoria e existe disposição dos trabalhadores de construir uma nova greve da categoria para o segundo semestre, agora com mais um agravante de que o prefeito está tentando privatizar a educação infantil do município. O primeiro passo vai ser um dia de paralisação da categoria em 4 de outubro.

Os terceirizados da educação também entraram em greve. Qual a situação desses trabalhadores?
Professor Felix
: Existe um ataque muito grande aos serviços públicos, e a educação está sendo sucateada por esse governo. Foram demitidos vários terceirizados que prestavam serviço de porteiro, merendeiros, limpeza e vigilantes. Isso deixou as escolas ainda mais à mercê da violência e com péssimas condições de funcionamento. Eles ficaram inclusive muito tempo com seus salários atrasados. Isso é um absurdo ainda mais para uma prefeitura que enche a boca para dizer que está em dia com a sua situação fiscal. Está em dia é com o pagamento da dívida do município pra banqueiro, mas na mesa do trabalhador tá faltando comida. Por isso eles entraram em greve. Nós defendemos a unificação de todos os trabalhadores da educação, sejam concursados ou terceirizados, contra o Roberto Claudio, em defesa dos nossos empregos e do seviço público.

Recentemente o teto de uma Escola Municipal desabou no Planalto Airton Sena, na periferia de Fortaleza, felizmente ninguém ficou ferido. Qual é a situação das escolas hoje no município?
Professora Maria do Carmo:
Foi o teto da escola Tereza D’ana lá no Planalto Airton Sena. Não é a primeira vez que isso acontece. A prefeitura só faz dizer que vai averiguar as causas do desabamento. Mas nós já sabemos muito bem. É a mesma causa do aumento dos roubos nas escolas, da falta de materiais básicos para dar aula, do atraso do salário dos terceirizados e do arrocho sobre os servidores. A causa é que a prefeitura não prioriza os serviços públicos. A prioridade da prefeitura é construir estrada nas áreas nobres da cidade enquanto na periferia as crianças ficam arriscando cair o teto de uma escola em cima da cabeça.

A minoria do Sindiute elegeu em assembleia 5 delegados para o Congresso da CSP-Conlutas, inclusive você está entre os delegados eleitos. O que esperar desse Congresso? A CSP-Conlutas está atuando para unificar as lutas no país e para que se construa uma nova Greve Geral contra os ataques do Temer. O que você acha disso?
Professora Maria do Carmo:
Isso mesmo, nós fizemos a assembleia dia 2 de setembro. Foi uma boa assembleia em que discutimos os desafios da classe trabalhadora e o papel da CSP-Conlutas para ajudar a organizar as lutas nacionalmente. Estamos esperando um bom Congresso onde seja possível discutir um plano de lutas para barrar as reformas do Temer e dos seus comparsas. Nós achamos que essa é a unica solução que tem os trabalhadores. Assim como no município é preciso unificar as várias categorias do funcionalismo e dos terceirizados para lutar juntos contra o Roberto Claudio, também nacionalmente é preciso construir uma luta unificada para barrar as reformas, os ataques do Temer, do Congresso de corruptos e dos empresários e para apresentar uma saída dos trabalhadores para essa crise que está o país.

A maioria da direção do Sindiute, que é da CUT e do PT, está defendendo que para melhorar a situação dos trabalhadores em educação e dos serviços públicos é preciso votar no Lula em 2018. O que você acha disso?
Professora Maria do Carmo:
Pois é, a maioria da direção do Sindiute tem tentando transformar nossos atos e assembleias em comícios do “volta Lula 2018”. Eu acho que isso é vender ilusão para os trabalhadores. Nos governos do PT a educação e os serviços públicos também foram atacados. Todo ano eram bilhões em cortes nos serviços públicos para garantir que o governo tivesse dinheiro para pagar os juros da dívida para os banqueiros. Agora Lula tá fazendo caminhadas pelo Nordeste se abraçando novamente com o Renan, com a Kátia Abreu, com o Sarney e aqui no Ceará vai estar no palco junto com o Eunício novamente. Nós já vimos onde isso acaba. Da nossa parte nós achamos que só podemos confiar em nós mesmos, nos trabalhadores. Quem vai resolver a situação dos trabalhadores no Brasil é a unificação das  nossas lutas rumo a uma nova Greve Geral que aponte o caminho para a construção de uma sociedade socialista que ataque a raiz dos nossos problemas, que está na ganância e na corrupção dos ricos e poderosos.