Redação
Editorial do Opinião Socialista nº 573
Bolsonaro, o Congresso, banqueiros, empresários e a grande mídia repetem duas fake news: dizem que se não for feita uma reforma na Previdência o Brasil vai quebrar e que a reforma ataca privilégios e protege os mais pobres.
Ao mesmo tempo, a campanha de esclarecimento sobre a reforma entre a população é inferior à necessidade e à capacidade real que teriam centrais sindicais, sindicatos, demais organizações e partidos de oposição.
Exceto a CSP-Conlutas e o PSTU, que têm colocado toda sua força na campanha contra a reforma, as cúpulas das outras centrais e os partidos de oposição (PT, PCdoB, PDT, PSB) trabalham com a estratégia de negociação da reforma e não com o objetivo de derrotá-la globalmente. Porém é possível derrotar a reforma, e o Brasil não vai quebrar se ela for derrotada.
Negociação ajuda Bolsonaro-Guedes-Maia
A classe trabalhadora e a juventude entraram em cena. O 15M, o 30M e o 14J, em defesa da aposentadoria, da educação e do emprego, foram fortes. Evidenciaram a queda de popularidade do governo, mostraram o caminho para derrotar a reforma, aproveitando as crises entre os de cima. Mas é preciso apostar tudo na luta e não em negociação no Congresso.
Muitas vezes, numa luta, somos obrigados a negociar algo que não é bom por uma questão de correlação de forças. Não é o caso dessa reforma. Entrar nessa luta negociando, de cara, um suposto “menos pior” e não buscando a derrota da reforma é ajudar Bolsonaro-Guedes-Rodrigo Maia.
Negociar, nesse caso, é ajudar a aprovar uma reforma que é parte central de um profundo ataque neoliberal aos trabalhadores e de um plano de entrega e de rapina do país. É isso que estão fazendo os governadores do PT, PCdoB, PSB e PDT. Apoiam a reforma, exigindo alterações pontuais, que não mudam sua essência. As mesmas que defendem o DEM e o PSDB, como a questão do Benefício de Prestação Continuada (BPC), aposentadoria rural e não inclusão temporária da proposta de capitalização de Guedes.
Está em marcha um acordão no Congresso, do qual participam os partidos de oposição e também as cúpulas das principais centrais. Mesmo que por vezes isso fique encoberto, acaba havendo uma divisão de tarefas, pois nem os partidos desautorizam os governadores, nem as centrais enfrentam os partidos.
Os governadores querem que o Congresso inclua os estados e municípios na reforma, retirando direitos dos professores e demais servidores estaduais e municipais. Em essência, defendem uma reforma que ataca profundamente milhões de trabalhadores e servidores públicos para enriquecer banqueiros.
As propostas que fazem têm a mesma lógica capitalista, predatória, privatista e liberal de Bolsonaro, Rodrigo Maia e Guedes: querem a fatia maior do dinheiro das privatizações do Pré-sal e liberação para os estados comprometerem receitas futuras com a dívida. Prometem à Rodrigo Maia conseguir alguns votos para garantir os 308 votos necessários, mesmo permitindo que PT e PCdoB formalmente votem contra para aparecer bem na foto. A classe trabalhadora e a base destas centrais e partidos, que estão na luta, precisam exigir que todos abandonem esse teatro e venham construir a luta para valer para derrotar a reforma.
A verdade é que os governadores do PT e do PCdoB e os demais governadores de oposição aplicam planos de ajuste que não diferem em nada dos que praticam o DEM ou o PSDB.
Abaixo a reforma e o plano econômico do governo
O plano de Bolsonaro-Guedes-Maia, do qual a reforma é um dos pilares, é o que vai quebrar o Brasil.
A reforma não ataca privilégios. Ataca os pobres e remediados para favorecer os ricos, inclusive o próprio Bolsonaro, que ganha nada menos que R$ 74 mil por mês.
Já um trabalhador que tenha 65 anos, por exemplo, e contribuiu por 20 anos sobre R$ 2.240,90 de salário em média, pela Previdência atual se aposentaria com R$ 2.016. Com a reforma, vai se aposentar com R$ 1.139. Ou seja, vai ter um confisco de R$ 877,16 na sua aposentadoria.
Esse dinheiro não vai gerar emprego. Vai para banqueiro através da falsa dívida pública. Uma dívida ilegal que não é nossa, que é um mero mecanismo de roubar dinheiro público.
Essa dívida leva quase 50% de tudo o que o país arrecada e eles querem ainda mais. Querem tirar R$ 1 trilhão das aposentadorias. Isso vai quebrar também inúmeros pequenos empresários e pequenas cidades Brasil afora.
Não bastasse isso, querem entregar a Petrobras, todas as estatais, as riquezas do subsolo, a Amazônia, as terras indígenas e os quilombolas para multinacionais. No caso da Petrobras, as multinacionais podem até fechar refinarias para nos forçar a importar combustível. Vamos vender óleo cru e comprar derivados.
Ocupar Brasília, fazer nova greve geral e tomar as ruas
É tarefa de todo ativista chamar a unidade para lutar contra a reforma, o desemprego, os cortes na educação e as privatizações. Vamos a Brasília e às ruas no dia 12 de julho! Vamos cobrar que as cúpulas das centrais não aceitem e não participem do acordão em torno do relatório debatido no Congresso. A luta unificada pode derrotar a reforma.
Essa luta abrirá caminho para a classe trabalhadora construir uma alternativa a esse governo. Abaixo o plano Bolsonaro-Guedes-Maia! Os ricos é que devem pagar pela crise!
Chega de Bolsonaro-Mourão! Vamos construir uma alternativa socialista e dos trabalhadores! Lula também não é solução!
Operários e povo pobre no poder para governar por conselhos populares!