Boneco de Bush queimando no encerramento do ato
Vladimir Souza / Cromafoto

Neste sábado, dia 5 de novembro, as vozes da juventude e da classe trabalhadora de São Paulo se somaram aos protestos argentinos e de outras capitais brasileiras no grito pelo Fora Bush. O protesto é parte da intensa mobilização desta semana em resposta à audácia do presidente norte-americano de visitar a América Latina. Bush é a personificação da política imperialista imposta aos povos do mundo, através de invasões, militarização, blocos econômicos, endividamento externo e reformas neoliberais.

Os manifestantes se concentraram a partir das 14h, em frente a uma das sedes do BankBoston na Avenida Paulista, na altura do número 800, ao som da música ‘Companheiro Bush´, de Tom Zé. Já na concentração, os participantes cantavam refrões como: “Chega de Bomba! Chega de ataque! Viva a resistência do Iraque!” ou “Fora já, fora já daqui Bush do Iraque e Lula do Haiti”.

No momento em que as pessoas tomaram duas faixas da avenida para dar início à marcha, um boneco representando George W. Bush foi queimado. Enquanto a passeata de mais de duas mil pessoas percorria toda a avenida, um grupo de manifestantes seguia pela calçada, colando cartazes de Fora Bush! nos muros e nos pontos de ônibus.

A passeata seguiu até a esquina em que se localizam a sede do Banco Central e outra unidade do BankBoston, na altura do número 1.800 da avenida. Lá, ocorreu o ato de encerramento, no qual as diversas entidades participantes falaram. Também houve a queima de outro boneco de Bush e de diversos cartazes em que o presidente norte-americano aparece com o bigode de Hitler. A grande fogueira chamava a atenção de todos.

Participaram do protesto A Campanha Contra a Alca, a Conlutas, a Conlute, diversos sindicatos, partidos, o MST, setores da CUT, a juventude árabe, punks e militantes do PSTU, P-SOL, PCdoB, PT, Partido Humanista, entre diversas outras organizações, como a Liga Estratégia Revolucionária e o POR. O movimento de sem-teto, da Grande São Paulo e de São José dos Campos, também esteve presente. Durante a passeata, integrantes do MTST cantavam: “Bush quer guerra. Nós queremos terra!”.

A maioria dos que protestavam eram jovens, que, com muita animação e criatividade, gritavam contra o imperialismo. Thiago Hastenreiter falou em nome da Conlute, ressaltando a importância da unidade entre trabalhadores e juventude. “Hoje, a juventude e a classe trabalhadora internacional se levantaram juntas contra o imperialismo. (…) Viva a aliança operária e estudantil”. Falando logo após o presidente da UNE, Gustavo Petta, Thiago denunciou a reforma Universitária como um exigência do imperialismo e deu um viva ‘ao novo movimento estudantil!”.

A resistência é internacional
Apesar de alguns setores pacifistas presentes, a maioria das falas ressaltava a importância da resistência iraquiana e também as lutas dos trabalhadores e da juventude de outros países, como Bolívia, Argentina, Venezuela e Palestina. Palavras de ordem gritadas em coro pelos manifestantes ressaltavam o caráter internacionalista da luta anti-imperialista, como “Brasil, Argentina, América Central, a classe operária é internacional”, ou “U-ni-dade da classe trabalhadora/ e que o imperialismo morra! Morra!”

Sobre a resistência, um integrante da União da Juventude Árabe da América Latina (UJAAL) disse que “estamos aqui para dizer Não a esse genocida, a esse terrorista internacional que é Bush. Ele nos chama de terroristas, pois resistimos no Afeganistão, resistimos no Iraque, resistimos na Palestina e resistimos também no Brasil”.

`Zé

Lula e Bush
Enquanto ocorria o protesto em São Paulo, Lula aguardava a chegada de Bush no Brasil, com festa, churrasco e tapete vermelho. Por toda a sua política subserviente ao imperialismo, Lula é muito elogiado por Bush e sua equipe. E isso não poderia deixar de ser lembrado e criticado nos atos brasileiros contra Bush. Muitas das falas no carro de som expressaram que o repúdio a Bush também é um repúdio a Lula. Logo na concentração, Dirceu Travesso disse que o ato estava ocorrendo em frente ao BankBoston porque este é um dos símbolos do imperialismo, mas lembrou que este é o banco que foi dirigido por Henrique Meirelles, que é mantido por Lula à frente do Banco Central.

Zé Maria falou em nome da Conlutas e disse que “viemos protestar contra Bush, mas estamos aqui também para protestar contra esse governo que paga religiosamente a dívida, que aplica as reformas neoliberais e mandou tropas para o Haiti para defender a política de Bush. Fortalecer a luta anti-imperialista é também lutar contra os governos locais capachos do imperialismo”.

O PSTU teve uma forte presença no ato, com dezenas de bandeiras e destacando-se pela defesa do Fora Todos! Fora Bush!, escrito em duas grandes faixas.

Repressão
`PoliciaisLogo depois de encerrado o ato, quando já estavam todos se dispersando, ocorreu um confronto com a polícia. Alguns ativistas lançaram objetos em direção ao BankBoston e a coluna de policiais que o protegia. A multidão continuou se dispersando e a maior parte já estava distante do local, quando uma outra coluna de policiais juntou-se a primeira e começou a lançar bombas de gás para todos os lados, indiscriminadamente. Policiais também atiraram com balas de borracha, agrediram manifestantes com cassetetes e prenderam duas pessoas, sendo que uma ainda durante o percurso da passeata.