Redação
Convocação de ato em março visa fortalecer Bolsonaro e a sua ofensiva às liberdades democráticas, para melhor servir os banqueiros, os grandes empresários, mineradoras e o seu chefe, Trump
Uma série de mensagens espalhadas pelas redes sociais convoca uma manifestação para março com bandeiras que vão de um genérico apoio incondicional a Bolsonaro, até medidas de ataques às liberdades democráticas como o excludente de ilicitude e o simples “fechamento” do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal (STF). Diversos parlamentares bolsonaristas difundem a data, assim como o próprio presidente Jair Bolsonaro, que chegou a divulgar vídeos convocando os atos através de seu Whatsapp, como revelou o Estado de S. Paulo e a Folha.
As convocatórias foram disparadas após as falas do General Heleno, ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e principal militar do restrito círculo de poder de Bolsonaro, ter “vazado” em meio a um evento do próprio governo. Nelas, Heleno defende que Bolsonaro não ceda às “chantagens” do governo e orienta o presidente a “convocar o povo às ruas”. “Nós não podemos aceitar esses caras chantagearem a gente o tempo todo. Foda-se”, disse.
A irritação de Heleno ocorre num contexto de crise e disputa entre o Governo Federal e o Congresso Nacional pelo controle do Orçamento. Um iceberg, na verdade, de uma crise muito maior que envolve uma profunda crise política, a ausência de uma base de apoio do governo, uma economia que patina sem perspectivas alvissareiras, o aprofundamento do caos no setor público e o avanço do descontentamento em relação a Bolsonaro em inúmeros setores, como se expressou na greve dos petroleiros e no indicativo de greve geral do serviço público federal para 18 de março.
Neste sentido, a convocação dos atos pró-Bolsonaro tem uma função de manter coesa a sua base de apoio “dura”, que gira em torno dos seus 30%, o que em tese lhe garantiria presença no segundo turno em 2022. Serviria ainda como cortina de fumaça para futuras revelações de seu envolvimento espúrio com a milícia, principalmente com o miliciano Adriano da Nóbrega, executado pela polícia na Bahia. No entanto, tem ainda o objetivo de fortalecer Bolsonaro, sua ala militar no governo e os avanços sobre as liberdades democráticas. Ataques como a perseguição a indígenas em prol dos mineradores, a perseguição a cientistas e ambientalistas, o obscurantismo na Educação e o sistemático ataque à imprensa, a jornalistas e à liberdade de expressão de forma geral. Ou seja, os atos convocados por Bolsonaro, Heleno e sua corja defendem um projeto autoritário, de ditadura para o país.
Não por acaso, a maior parte das convocatórias trazem as figuras de Heleno, Mourão, personalidades e símbolos militares ou o próprio Bolsonaro, com mensagens abertamente golpistas.
O congresso Nacional e o STF, junto com o governo Bolsonaro, tem imposto diversos ataques aos trabalhadores e ao povo pobre. Mas quando Bolsonaro e os seus apoiadores falam em fechar o Congresso, o que querem é impor uma ditadura para ampliar esses ataques. É encobrir os casos de corrupção em que está metido o presidente e os seus filhos. É calar qualquer tipo de oposição e liberdade de organização e expressão, para atender ainda mais os interesses dos banqueiros, dos grandes empresários e de seu chefe, Trump.
É preciso uma ampla unidade de ação, nas ruas, para derrotar esse projeto de ditadura. Tomar as ruas desse país para botar para fora Bolsonaro, Mourão e a sua trupe, pois essa é a única forma de colocar um ponto final na destruição do país que esse governo vem promovendo.