PSTU-Curitiba
PSTU-Curitiba
Desobedecendo todas as orientações para a contenção da epidemia do Covid-19, todos os centros de telemarketing de Curitiba seguem funcionando normalmente, em condições que já seriam consideradas insalubres mesmo fora de uma epidemia. São milhares de trabalhadores que diariamente passam horas em ambiente propício à transmissão do vírus. Apenas uma dessas empresas emprega mais de 8 mil atendentes. O risco que estes correm é altíssimo, e se estende aos seus familiares e a toda cidade.
As condições de trabalho do telemarketing e trabalhos de teleatendimento sempre foram uma afronta à saúde da categoria. A epidemia do novo coronavírus só escancara a barbárie que a categoria vive no dia a dia.
Em cada sala podem trabalhar de 80 a 100 atendentes, sem janelas ou qualquer tipo de ventilação. A razão da ausência de janelas é simples: não perceber o tempo em que está trabalhando, mascarar a proporção do cansaço. Os equipamentos não são higienizados. A distância entre um “minibiombo” e outro é de muito menos que um metro.
As epidemias de doenças infectocontagiosas nesses ambientes são comuns. O surto de sarampo em meados de novembro de 2019, por exemplo, atingiu em cheio os trabalhadores do telemarketing – que chegaram a ser liberados (algo raríssimo no ramo) para tomar a vacina e assim evitar mais atestados médicos. Há diversas formas de punir e constranger aqueles que apresentam atestado: quem apresenta perde direito à comissão ou a ser promovido temporariamente. Já na epidemia de Covid-19, supervisores orientam que, mesmo com sintomas, os atendentes não deixem de ir trabalhar e procurem atendimento médico fora do horário de expediente. Nessa situação, o impacto da pandemia será destruidor na categoria. O pânico já se instaura entre os trabalhadores.
A orientação para o enfrentamento é direta e objetiva: isolamento social para conter a propagação do vírus por meio de contato. Para o telemarketing, existe a opção de ficar em casa? É claro, tem sim! Como? Pedindo a conta! Sem direito à rescisão nem ao seguro-desemprego – é isso que as empresas querem, torturar e expor aos ricos os trabalhadores até que não suportem mais. A única opção para ter direito a quarentena é se juntar ao enorme exército de reserva – que é de onde vem e para onde vão a esmagadora maioria dos atendentes de telemarketing. São mulheres, LGBTs, negras e negros e jovens que trabalham sob constante rotatividade, alternando períodos de emprego e desemprego, com a vida sempre tomada pela instabilidade.
Não há emprego para todos em meio à crise, e os que tem, tem de aceitar que podem morrer no ambiente de trabalho, não há outras opções. É correr o risco e ter o salário, ou ficar “seguro” em casa, mas desempregado. Na primeira opção, se coloca a família em risco – o que é ainda mais grave para aqueles que têm familiares no grupo de risco. Na segunda, é deixar seus dependentes sem sustento.
A irresponsabilidade dos proprietários e dos diretores dessas franquias é sem limites. Preferem manter as taxas de lucro do que prezar pela vida dos trabalhadores, e mesmo de toda a cidade, uma vez que aglomerações resultarão em mais veículos do vírus. Os governos também são responsáveis, uma vez que negligenciam a adoção de medidas de proteção a estes trabalhadores. Essa é a natureza do capitalismo: o lucro e a acumulação de riqueza na mão dos ricos está acima de tudo. Só a luta da classe trabalhadora pode frear essa máquina de destruição!
Não só o medo se espalha no telemarketing, mas a revolta também. Já são vários os call centers que foram paralisados pelos trabalhadores, em protesto pelo direito à quarentena! Fidelity em Lauro de Freitas (BA), Almaviva em Teresina (PI), Almaviva em Juiz de Fora (MG) e BTCC-Oi em Goiânia (GO) realizaram greves e manifestações. Em Curitiba, há rumores de que em pelo menos em duas unidades funcionárias se afastaram por apresentar sintomas do Covid-19.
Os trabalhadores do teleatendimento querem viver! A suspensão das atividades dos centros de telemarketing é urgente! Todo apoio às greves e manifestações do telemarketing, a luta organizada dos trabalhadores é o caminho!
Estabilidade no emprego já, com a aprovação de um Projeto de Lei proibindo as demissões durante a epidemia. Nós queremos viver!
O desemprego não é uma opção!
Chega de morrer para manter os lucros dos patrões!
Direito à quarentena já para os trabalhadores, com manutenção integral dos salários!
Viva a luta dos trabalhadores do telemarketing!