Redação
Diante da pandemia do coronavírus, da política genocida de Bolsonaro e da queda de sua popularidade, governadores viram uma oportunidade para polarizar política e, sobretudo, eleitoralmente com o presidente. Lançaram mão de medidas de quarentena parcial e de um discurso que, à primeira vista, batia de frente com o Governo Federal.
À frente deste movimento aparece o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), candidato declarado em 2022. Doria mandou fechar o comércio, espaços e eventos públicos e suspendeu as aulas. No entanto, nada fez em relação aos cerca de 190 mil metalúrgicos que trabalham nos mais diferentes setores, de grandes multinacionais às pequenas e médias fábricas, aglomerando-se entre dezenas, centenas ou milhares de trabalhadores. Em vez de manter apenas os setores essenciais funcionando, garantindo proteção aos trabalhadores, para Doria o “essencial” é o lucro das empresas, ao custo da saúde e da vida dos operários, de suas famílias e da população em geral.
Doria, além disso, mantém o transporte público funcionando, como o metrô, sem as mínimas condições de segurança aos trabalhadores metroviários (que não contam com EPIs) e à própria população, que continua sendo obrigada a se amontoar em plena pandemia. Enquanto veicula uma campanha dizendo “Não sigam o presidente”, o governador tucano faz justo o oposto.
Como se isso não bastasse, João Doria suspendeu os serviços terceirizados do estado, como o de merendeiras, faxineiras e motoristas, deixando esses trabalhadores na miséria. Ao mesmo tempo, liberou R$ 225 milhões de crédito às empresas. Já o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSL), implementa política semelhante no estado. Determina o fechamento do comércio, das praias, mas mantém todo o resto, inclusive o transporte público lotado. Além disso, a saúde no Rio já vivia um colapso muito antes da pandemia e agora prenuncia o absoluto caos.
Witzel ainda se aproveita da situação para aprofundar sua política de genocídio da juventude negra e pobre das comunidades, autorizando a PM a reprimir a população sob a desculpa de estarem desafiando o confinamento.
Outro exemplo vem do Maranhão. No mesmo dia em que Bolsonaro foi à TV defender a volta ao trabalho, o Secretário de Indústria e Comércio, Simplicio Araújo (Solidariedade), do governo Flávio Dino (PCdoB), fez declaração semelhante defendendo o retorno à normalidade das indústrias instaladas no estado.
Ao se contraporem ao discurso negacionista de Bolsonaro e tomarem medidas ainda que parciais, os governadores em geral vêm conquistando audiência e até apoio da população. No entanto, é fundamental explicar aos trabalhadores e ao povo pobre que eles não são alternativa à crise e que, ao seu modo, também defendem os interesses dos ricos, dos grandes empresários e dos banqueiros, e não a vida e a saúde da classe trabalhadora.