Os ferroviários do Rio de Janeiro fizeram uma greve na segunda-feira e mantiveram paralisações parciais até a tarde desta quinta-feira. O motivo do movimento era a falta de segurança no trabalho e aos usuários de trens. Abaixo, publicamos nota divulgada pDiante da parcialidade com que a mídia vem abordando a greve dos ferroviários do estado do Rio de Janeiro, a Coordenação Nacional de Lutas (Conlutas) vem a público esclarecer e repudiar a forma como a paralisação tem sido tratada pelos meios de comunicação. A imprensa, a todo momento, tem procurado culpar a categoria pelos prejuízos sofridos pela população fluminense.

Tal defesa dos interesses privatistas já é nossa velha conhecida e tem sido largamente utilizada, nos últimos anos, por governos neoliberais e pelos meios de comunicação comprometidos com os interesses do setor privado e visam o enfraquecimento dos movimentos de defesa dos direitos dos trabalhadores e do conjunto da população.

A Conlutas também quer deixar claro para a opinião pública que a paralisação dos maquinistas a partir da segunda-feira (dia 13 de abril) foi decidida por causa da falta de condições de segurança no trabalho e da demissão de funcionários por causas arbitrárias e sem uma apuração completa dos fatos. A greve em andamento foi provocada exclusivamente pela falta de disposição para o diálogo da SuperVia, que anunciou de forma unilateral a demissão do maquinista Norival Ribeiro do Nascimento e do controlador de tráfego Edson Assunção Filho, considerados culpados pela colisão de trens no ramal Japeri-Central, próximo ao terminal ferroviário de Austin, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.

A verdade é que a malha ferroviária administrada pela SuperVia apresenta problemas graves de segurança que comprometem a vida dos ferroviários e usuários. Muitas vezes, os maquinistas tem de se desdobrar para enfrentar os problemas de sinalização da via férrea, que está mal conservado, além de terem de sair com os trens com as portas abertas por causa da superlotação das composições. Para solucionar estes problemas graves, o sindicato da categoria entregou uma lista com as principais reivindicações para a melhoria das condições de trabalho dos ferroviários, mas até hoje a SuperVia não abriu um canal de diálogo para debater e solucionar os problemas denunciados no documento.

Toda solidariedade aos trabalhadores ferroviários
O sistema ferroviário do Rio atende hoje a 450 mil passageiros por dia e conta com 89 estações, distribuídas em cinco ramais, passando por 11 municípios do Estado. Por entendermos que as reivindicações dos ferroviários são justas e visam o bem-estar e a segurança dos usuários do sistema, exigimos do governo Sérgio Cabral a imediata reestatização deste serviço que é um direito dos trabalhadores.

Já está provado que foi um grave erro a privatização da malha ferroviária. O transporte público não pode ser objeto de lucro que sacrifique milhares para satisfazer a ganância dos patrões. Enquanto os patrões acumulam bilhões de reais em seus bolsos, os ferroviários e o conjunto dos trabalhadores são sacrificados. E quando as coisas vão mal, os ferroviários são culpados, demitidos e os usuários sofrem com a violência dos seguranças da SuperVia.

Reestatização já da malha ferroviária
O governador Sérgio Cabral criticou a paralisação dos ferroviários e citou o presidente Lula para dizer que o momento é inoportuno para fazer greve devido à crise mundial. O que Cabral e Lula não dizem é que a SuperVia segue garantindo para seus acionistas lucros fantásticos a partir do sucateamento da malha ferroviária e da exploração e opressão dos ferroviários. Para que Cabral e Lula sejam de fato os defensores da população e dos trabalhadores diante da crise mundial do capital, para de fato garantir a soberania neste momento difícil, deveriam desapropriar a SuperVia sem indenização, pois esta empresa já faturou trilhões sem que isso se revertesse em novos investimentos.

Mais do que isso, deveriam reestatizar este serviço, sob o controle dos ferroviários. Só assim os graves problemas das ferrovias e deste importante transporte público serão resolvidos e de fato se garantirá um serviço de qualidade para os trabalhadores e o povo carioca.