O Sindicato dos Comerciários de Nova Iguaçu (RJ) aprovou, em assembléia realizada no dia 17 de outubro, a desfiliação da CUT e a integração e apoio do sindicato à construção da Coordenação Nacional de Lutas (CONLUTAS). A assembléia aconteceu durante o 3o congresso da categoria realizado no final de semana do dia do comerciário (18 de outubro) e foi precedida de dois dias de debates e de grupos de discussão sobre a conjuntura nacional, as reformas sindical e trabalhista e de um plano de lutas e mobilizações dos comerciários por reajuste salarial e pelo fim do horário livre (imposição de trabalho excessivo aos sábados e aos domingos e feriados).

O congresso foi o mais representativo da história do sindicato, contando com a participação de cerca de 100 delegados. Participaram dos debates, além dos trabalhadores da categoria, Gualberto Tinoco, o Pitéu, coordenador do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação e membro da CELUTAS-RJ; O presidente da CUT-RJ, Jaime Ramos e Aderson Bussinger, Advogado e membro do ILAESE (Instituto Latino-americano de estudos sociais e econômicos). Jaime foi o único a defender a permanência do sindicato na CUT e reconheceu que “as reformas do governo têm mais elementos prejudiciais do que benéficos aos trabalhadores”, mas que ainda assim havia que apoiá-las. Por várias vezes ouviam-se os gritos de “chega de CUT” e de “Não ao horário livre”. Ao final foi aprovada a tese “conquistar com lutas” e um calendário de mobilizações que inclui atos nos municípios e “arrastões” nas lojas contra o horário livre.

Na assembléia, que por exigência estatutária foi instaurada no final do congresso, nem mesmo os diretores do sindicato ligados ao PT (minoria na direção, que também é composta por militantes do PSTU) defenderam a permanência do sindicato na CUT, tamanho era o rechaço da categoria às traições da central.

Numa votação quase unânime, tendo apenas a abstenção de um diretor do sindicato ligado ao PT, foi aprovada a desfiliação e o apoio à CONLUTAS. Ao fim os trabalhadores entoaram: “a CUT, a CUT, a CUT é do patrão, por isso sou Conlutas pra lutar com o peão”. Também marcaram presença na assembléia Luís Carlos Prates “Mancha”, do Sindicato de Metalúrgicos de São José dos Campos (SP) e da Conlutas e Cyro Garcia, dirigente da greve heróica de 30 dias realizada pelos bancários e do movimento Oposição Nacional Bancária. Segundo Renato Gomes, membro da direção do sindicato e militante do PSTU, “o repúdio dos comerciários à CUT foi o resultado das traições da central que, além do apoio as reformas neoliberais do governo, vinha negociando com o ministério do trabalho a criminosa ‘regulamentação’ do trabalho de comerciários aos domingos e feriados”.

Ao final foi também votada uma moção pela libertação dos companheiros presos por lutar por emprego na cidade de Caleta Olívia na Argentina.

O Sindicato dos Comerciários de Nova Iguaçu e região é um dos principais sindicatos da baixada fluminense e o primeiro sindicato de trabalhadores do setor privado a se desfiliar da CUT no Estado Rio de Janeiro e deverá ser seguido por diversos sindicatos que já têm data marcada para discutir o tema.