O governo brasileiro resolveu dobrar o efetivo militar no Haiti. Dos atuais dos atuais 1.300 soldados presente, as forças passariam para 2.600 militares. A decisão dependeria de aprovação do Congresso, tarefa que não seria difícil, pois a oposição burguesa (PSDB – DEM) já confirmou que apoiará a medida.

O efetivo brasileiro ajudará no cumprimento do aumento aprovado pela ONU nas tropas da Minustah, que receberão reforço de 3.500 militares e policiais, que se somam aos cerca de 9.000 hoje em atuação no Haiti. Trata-se de mais um reforço na militarização da ajuda enviada ao país realizado pela ONU, Brasil (que chefia a Minustah) e os Estados Unidos. Um reforço que amplia a ocupação militar no país caribenho e tenta impedir que o povo se revolte contra o caos e desamparo. Já se encontram no país cerca de 11.500 fuzileiros navais norte-americanos. Mas há a possibilidade deste número se ampliar para mais de 13 mil.

O envio de novos militares para garantir o policiamento de Porto Príncipe é um flagrante contraste com o número de bombeiros e médicos brasileiros enviados ao país. Menos de uma centena de especialistas em resgate e tratamento dos feridos pelo terremoto foram enviados ao Haiti até o momento. De acordo com notícias da imprensa, foram enviados 51 bombeiros ao país no último dia 14.

O envio de mais tropas revela que o governo já se prepara para reprimir possíveis manifestações contra a falta de comida, água e remédios.

Nessa semana, o exército brasileiro revelou que efetuou mais de 48 mil disparos entre junho e dezembro de 2006, quando os militares realizaram incursões na favela de Bel Air, no centro de Porto Príncipe. A informação mostra qual é o verdadeiro caráter da Minustah, que está bem distante de ser apenas uma missão de “ajuda humanitária”.

O governo brasileiro deve retirar imediatamente as tropas, e mandar o dinheiro que gastaria em termos militares sob a forma de comida, remédios e pessoal de saúde e resgate. O Haiti precisa de solidariedade, não de soldados.