Governo Lula, banqueiros e direção dos sindicatos se unem contra bancáriosApesar dos sucessivos recordes de lucros obtidos através da política econômica do governo, os banqueiros prosseguem com arrochos e terceirizações. Nos bancos públicos a história não é diferente e os lucros não impedem o avanço da privatização. Nesta semana, a direção da Nossa Caixa, banco estatal de São Paulo, anunciou que irá publicar editais de venda de suas subsidiárias de seguros de vida, previdência e capitalização.

Além disso, o governo impõe uma das mais altas taxas de juros do mundo e um asfixiante superávit. Essas medidas só fazem crescer a já impagável dívida pública, além de turbinar os lucros dos banqueiros.

Para os banqueiros tudo, já para os bancários…

Nessa semana, o Bradesco anunciou seu novo recorde de lucro. Nos primeiros nove meses de 2004 o banco lucrou mais de R$ 2 bilhões, 25% a mais que em 2003. O Banespa, por sua vez, teve lucros da ordem de R$ 1,25 bilhão.

Na última rodada de negociações entre a Federação dos Bancos (Fenaban) e os bancários, os banqueiros apresentaram uma vergonhosa proposta. Após um mês de greve, eles apenas aumentaram em R$ 417 o valor do vale-alimentação extra, totalizando R$ 700. Determinaram ainda a compensação dos dias parados.

Menor que o TST

Esta proposta é inferior ao julgamento do próprio Tribunal Superior do Trabalho (TST), que determinou para os bancos públicos o pagamento de abono de R$ 1 mil, e nenhum desconto dos dias parados, sendo 50% anistiados e 50% compensados. Além do reajuste de 8,5%, dos R$ 30 ao salário dos que ganham até R$ 1,5 mil, e da PLR de 80% do salário, mais R$ 705 já oferecidos pela Fenaban.

Como declarou Fábio Bosco, dirigente do PSTU e membro da Oposição Bancária, “a ida ao TST foi um último recurso da categoria para impedir que o governo e os banqueiros derrotassem nossa luta impondo o desconto dos dias parados”.

Para se ter uma idéia da ganância dos banqueiros, basta lembrar que, se o Bradesco estendesse o abono de R$ 1 mil para os 50 mil bancários da empresa, o custo total (R$ 50 milhões) seria inferior a 2% do seu lucro acumulado neste ano. Não é por acaso que, com crise ou sem crise, os lucros dos bancos só crescem.

Diretoria do Sindicato tem culpa no cartório

A diretoria do Sindicato e a direção da Confederação Nacional dos Bancários (CNB/CUT) também são responsáveis por esta situação. Primeiro, costuraram o acordo rebaixado com o governo e os banqueiros, sem consulta à categoria. Depois, não prepararam a greve, o que fez com que o nível do movimento em São Paulo fosse inferior ao das outras grandes capitais.

Aliados aos banqueiros e ao governo, se opuseram a ajuizar o dissídio no TST. Isto deixou o terreno livre para a Confederação Nacional dos Trabalhadores das Empresas de Crédito (Contec) pedir o dissídio exclusivamente para o Banco do Brasil e para a Caixa Econômica Federal, além de “esquecer” a reivindicação do vale-alimentação extra de R$ 217.

Para piorar, os dirigentes cutistas passaram a última semana negociando com os banqueiros sem fazer qualquer pressão sobre eles, como denunciar os seus lucros recordes ou mobilizar a categoria.

Post author André Valuche e Diego Cruz, da redação
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