A partir do dia 18, os bancários de todo o país cruzam os braços. A greve é uma resposta dos trabalhadores à intransigência da Federação Nacional dos Bancos (FENABAN), que se nega a atender as reivindicações apresentadas pela categoria.
Nos últimos anos, ninguém lucrou mais dos que os banqueiros. Só os cinco maiores bancos lucraram R$ 46 bilhões em 2011. Isso significa, de forma aproximada, uma taxa de 20% sobre o seu patrimônio líquido.

Por outro lado, os banqueiros pagam a cada dia salários piores aos seus funcionários, além de impor um ritmo de trabalho enlouquecedor. Para se ter uma ideia, em 1995 um bancário do Banco do Brasil tinha um salário médio de 20 salários mínimos. Mas em 2010, a média baixou para apenas 7,5 salários mínimos. No maior banco privado, o Itaú, neste mesmo período, o rendimento passou de 11,2 para 5,9 salários mínimos. Para aumentar ainda mais a lucratividade, os bancos desrespeitam a lei, burlando a jornada de seis horas e não garantindo a igualdade de salários e direitos entre antigos e novos funcionários. Nos bancos privados, a rotatividade é altíssima, pois os banqueiros demitem para contratar funcionários mais novos com salários menores e menos direitos.

Nos governos de Lula e Dilma, o quadro somente se agravou, com os lucros aumentando, e os salários caindo. As perdas salariais acumuladas durante os dois mandatos de FHC não foram repostas, e os direitos retirados não foram revertidos.

Reação dos bancários
A categoria vem reagindo contra essa situação. Esse ano não será diferente. A FENABAN ofereceu 6% de reajuste, mas os bancários rejeitaram a proposta e decidiram ir à greve.

Mais uma vez, os sindicatos da CUT não terão interesse em criar uma pauta específica do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal. Isso significaria bater de frente com o governo federal. Por isso, vão manter o centro da negociação na mesa única da FENABAN, que reúne bancos privados.

Também é importante construir o movimento grevista junto com a categoria. O Movimento Nacional de Oposição Bancária (MNOB) tem lutado para construir política que envolva o conjunto da categoria na construção do movimento. Lutamos para que a democracia volte a imperar no movimento, por isso é preciso ter assembleias diárias e deliberativas e o comando de greve tem que ser eleito na base.

Não concordamos com a pauta rebaixada da CONTRAF/CUT
O MNOB não aceita a pauta rebaixada estabelecida pelos sindicatos cutistas que estão reunidos na Confederação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (CONTRAF/CUT). Por isso, defendemos a pauta alternativa apresentada pelos sindicatos do Rio Grande do Norte, Maranhão e Bauru. Nela se exige a reposição do conjunto das perdas salariais dos bancos privados e públicos, a volta do antigo Plano de Cargos e Salários do Banco do Brasil e PLR linear, além de várias bandeiras que o movimento sempre defendeu, mas as entidades governistas abandonaram depois da eleição dos governos do PT.
Post author Juliana Oliveira, de São Paulo
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