A campanha salarial dos bancários está começando e já tem uma divisão causada pela política da CUT de rebaixar as reivindicações. Enquanto os lucros dos bancos chegaram a 35%, a Contraf/CUT (Confederação Bancária da CUT) está reivindicando 10,23% e uma PLR (Participação nos Lucros e Resultados) limitada a 15%, com uma distribuição que beneficia os altos salários. Além disso, duas outras questões da pauta da Contraf/CUT causaram repúdio nas bases: a negociação das comissões pelas metas e tarifas e um acordo que vale por dois anos.

As metas, que são o verdadeiro terror dos bancários pois causam inúmeras doenças profissionais, passam a ser negociadas por comissões. Também as tarifas, que a população repudia, são alvos de negociatas, nas quais os sindicatos da CUT abandonam os direitos da população para buscar um naco dessa usurpação. O pior é que o acordo, segundo a proposta deles, terá validade de dois anos.

Infelizmente, as correntes DS (Democracia Socialista), CSC (Corrente Sindical Classista) e Intersindical apóiam a Contraf/CUT, mesmo depois de terem discordado das propostas na Conferência Nacional dos Bancários. Essas correntes estão adaptadas ao ritual da CUT de fazer congressos com dirigentes e aprovar propostas completamente descoladas da vontade da base.

MNOB cresce e aumenta a resistência
O Movimento Nacional de Oposição Bancária (MNOB) está dando mais um passo para disputar a direção nacional do movimento. Neste ano, três sindicatos (Maranhão, Rio Grande do Norte e Bauru), que juntos representam cerca de 12 mil bancários, estão apresentando uma outra pauta de reivindicação, buscando uma negociação que contemple a categoria.

Uma das principais reivindicações dos bancos públicos é a negociação específica para recuperar perdas nos valores de 29.23% na Fenaban, 89,31% no Banco do Brasil, 100,93% na Caixa Econômica Federal e 110% no BNB. Também na pauta do MNOB consta uma distribuição linear da PLR no limite de 25%, o que representa um valor muito maior para todos os bancários e uma igualdade na distribuição dos lucros.

Para seguir esse caminho, os sindicatos estão enfrentando a fúria da Contraf/CUT, dos banqueiros e do governo. Os patrões já disseram que não querem nenhuma negociação com a pauta do MNOB. A Contraf/CUT, que chegou a propor uma representação desses sindicatos na mesa de negociação, não quer nem a presença deles no Comando de Mobilização e expulsou o representante do Rio Grande Norte da reunião que fizeram, contando com a anuência de DS, CSC e Intersindical.

Os sindicatos do Maranhão, Rio Grande do Norte e Bauru estão tranqüilos, pois as assembléias de suas bases deliberaram por entregar uma outra pauta e elegeram representantes para as negociações. São ações bem diferentes da prática da CUT, que na maioria dos locais nem fez assembléia.

Post author Wilson Ribeiro, de São Paulo (SP)
Publication Date