Maior protesto na cidade, em mais de vinte anos, exigiu de Dilma a desapropriação do terreno de Naji NahasSe os governos tucanos de Geraldo Alckmin e Eduardo Cury pensaram que a violenta reintegração de posse no terreno do Pinheirinho fosse jogar uma pá de cal na luta por moradia na cidade, estavam muito enganados. Nesse dia 2 de fevereiro, onze dias após o massacre impetrado pela Polícia Militar, a cidade de São José dos Campos (SP) viu a maior manifestação pública desde as mobilizações do ‘Fora Collor’, em 1993.
O ato nacional em defesa dos moradores do Pinheirinho reuniu mais de 4 mil pessoas vindas de várias partes do país. Caravanas de Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul se juntaram aos ativistas de São Paulo e do interior e aos moradores desabrigados para protestarem contra o despejo e exigir de Dilma a desapropriação do terreno de Naji Nahas.

Além da CSP-Conlutas, Intersindical, CUT e CTB, o protesto contou com forte presença de movimentos populares, como o MTST, CMP e o MST, que enviou quatro caminhões de alimentos de doação aos moradores desabrigados. Partidos como o PSTU, PSOL, PCB e PT também estiveram presentes.


A concentração para o ato teve início na Praça Afonso Pena, bem no centro da cidade. Munidos de faixas, cartazes e uma ‘bateria’ composta de tambores cortados a estilo da ‘tropa de choque’ organizada pela resistência no Pinheirinho, os manifestantes ignoraram o forte sol e calor e marcharam pelas ruas de São José. “Quem luta não está sozinho, somos todos Pinheirinho”, cantavam os manifestantes.

“Hoje realizamos um ato, uma passeata, mas amanhã vamos ocupar prédios, rodovias; essa é nossa única alternativa para enfrentar o capital”, discursou Guilherme Boulos, dirigente do MTST. Gilmar Mauro, da coordenação nacional do MST, relacionou a luta dos sem-terra à luta pela moradia. “O sem-terra de ontem é o sem-teto hoje; a falta de reforma agrária e de uma política de reforma urbana provocaram um monte de demandas de moradia hoje”, disse ao Opinião Sociaista, reafirmando a necessidade de Dilma desapropriar o terreno do Pinheirinho.

O deputado Federal Chico de Alencar (PSOL) também esteve presente prestando sua solidariedade aos moradores do Pinheirinho. “O que vemos aqui é uma tragédia de erros que o sistema de poder no Brasil incentiva e concretiza, um conluio de cumplicidades contra os direitos dos cidadaõs que se manifesta através da especulação imobiliária, do direito à propriedade sem função social, além de um Judiciário e Executivo cúmplices desse tipo de poder injusto”, afirma o parlamentar que traça um paralelo entre o despejo em São José e a política de remoções no Rio de Janeiro por conta da Copa e das Olímpiadas. Em ambos, enxerga a responsabilidade do Governo Federal. “Ele é omisso, quando não cúmplice nessa política de uma cidade para poucos, para a elite”.

Movimento continua
O protesto se encerrou em frente à prefeitura. Apontando diretamente `a prefeitura, Toninho Ferreira, advogado dos sem-tetos e dirigente do PSTU, reforçou que o movimento de luta por moradia não morreu. “Eles não conseguiram quebrar a nossa espinha, o movimento continua”. José Maria de Almeida, o Zé Maria, arrancou aplausos quando defendeu os moradores e dirigentes do Pinheirinho. “O verdadeiro bandido está ocupando essa prefeitura. É quem massacra o povo do Pinheirinho para defender Naji Nahas”, disse.

A mobilização continua. No dia 3 de março haverá na cidade um ato-show em comemoração aos oitos anos da ocupação do Pinheirinho. Vários artistas já confirmaram presença.