A greve dos professores e técnicos- administrativos das universidades paranaenses já é a mais longa greve brasileira de que se tem notícia, com 141 dias de duração. No dia 04, às 11h, estudantes e trabalhadores das universidades do Paraná, presentes no Fórum, organizaram um ato em defesa da educação e contra o governador Jaime Lerner (PFL), que se recusa a negociar com o movimento de greve. A mobilização reuniu cerca de 2 mil pessoas, que cantaram palavras de ordem em apoio à greve e em defesa da educação pública.
Ao final do ato, cerca de 300 estudantes ocuparam o hall de entrada da PUC, convidando todos os que passavam a se indignarem contra a privatização das universidades. O ato foi crescendo e juntou quase 500 pessoas, entre elas, militantes do movimento pela sustentabilidade planetária, que também protestavam contra a falta de planejamento no uso da agua potável.
A greve das universidades estaduais do Paraná significa a paralisação de 80% dos trabalhadores do ensino superior do Estado. As reivindicações são: reposição salarial de 50,03%, regularização dos cargos dos novos funcionários, autonomia universitária com democracia e verbas para as universidades.
Negociação – Até o início de janeiro, o governador Jaime Lerner, do PFL – mesmo partido de ACM, Marco Maciel e Roseane Sarney –, não havia apresentado nenhuma proposta ao movimento. Para resolver o impasse, os trabalhadores chegaram a recuar em sua pauta. Aceitaram o reajuste salarial de 30% apenas. Mas o governador foi contra. Alegou que se desse um reajuste aos trabalhadores do ensino superior, todos os servidores públicos iriam reivindicá-lo, e isso ele não aceitaria. O movimento fez outra concessão: aceitou o reajuste não linear. Ou seja, os técnicos-administrativos, com salários mais defasados, teriam um reajuste maior. Jaime Lerner aceitou a proposta, mas avisou que só assinaria o acordo após o fim da greve. A outra condição era não estipular o montante destinado às universidades, no projeto de lei. A tentativa de negociação acabou por aí, e a greve continua.
Lerner x mobilização – Decidido a acabar com a greve a qualquer custo, Jaime Lerner está reprimindo e intimidando as categorias em luta. Nos primeiros dias da greve cortou os salários, mas foi obrigado a pagar por decisão judicial. Declarou que a greve era ilegal, mas não teve sucesso. Contratou um “Instituto de Pesquisa”, que telefonou para os trabalhadores tentando persuadi-los a terminar a greve. Distribuiu panfletos sem assinatura, feitos com dinheiro público, difamando ativistas. Abriu processo administrativo, pela Procuradoria-Geral do Estado, contra lideranças sindicais e está multando os sindicatos em R$ 50 mil, por dia de greve.
Demissão – Como se não bastassem as ameaças do governador, a greve realizada no ano de 2000 ainda é motivo de preocupação. Há duas semanas, saiu a sentença contra três manifestantes que, naquele ano, haviam participado de uma ocupação na Faculdade de Maringá. Um técnico-administrativo e um professor foram demitidos e outro professor foi suspenso por 90 dias. As punições foram atribuídas à lesão do patrimônio público. Além de tentativa de intimidação e ataque político ao movimento de greve, este também é mais um ataque à autonomia, posto que o próprio Conselho Universitário afirma que não houve lesão patrimonial nenhuma. Os trabalhadores estão respondendo à altura, com o aumento da mobilização. É greve até o fim.