Mulheres do movimento contra o aumento da passagem de São Paulo respondem à altura à agressão machista praticada por ativista do MPLNum dos atos contra o aumento das passagens em São Paulo, os ativistas foram surpreendidos por uma denúncia que, aparentemente, nada tem a ver com o movimento contra as tarifas abusivas. Um coletivo de mulheres, a Rede de Coletivas Feministas Autônomas Contra o Aumento, realizou uma ação direta contra um agressor de mulheres, membro do Movimento Passe Livre (MPL).

O ativista em questão, Xavier (Rafael Pacchiega), foi seguido, durante a concentração do ato, por uma seta que apontava para ele com os dizeres “agressor machista”, como mostra o vídeo. As mulheres resolveram fazer o escracho depois de descobrirem que o mesmo agrediu e torturou sistematicamente sua companheira.

“Há cerca de 6 meses um dos militantes do movimento passe livre de São Paulo ameaçou de morte, perseguiu, constrangeu, agrediu verbalmente, insultou e limitou o espaço físico de uma companheira de movimentos sociais autônomos”, diz o panfleto distribuído no ato.

Qualquer agressão é inadmissível, mas nessa intensidade, exige ainda mais firmeza na denúncia e na resposta. O MPL, em nota, informa ter discutido e tomado providências importantes com relação ao caso, como exigir que Xavier faça tratamento psicológico e não assuma tarefa pública no movimento. A discussão interna está correta, mas é absolutamente insuficiente.

Xavier continua frequentando os mesmos ambientes que as companheiras como se nada tivesse acontecido. Como se não bastasse, o MPL acusa as companheiras que denunciaram e se sentem intimidadas de dividir o movimento. “Entendemos que para as executoras desta ação não há a disposição de dialogar nem resolver nenhum problema de fato, mas sim nos colocar na posição de um inimigo, o que retrocede na luta e na unidade dos grupos anticapitalistas e na própria luta feminista como um todo”, diz a nota.


Detalhe do panfleto distribuído no ato (clique para ler na íntegra)

Esse é um excelente exemplo para desmontar a ideologia (essa sim inimiga) de que a luta contra as opressões divide o movimento. Para não punir um ativista machista, que agrediu psicológica e fisicamente uma mulher, o MPL permite que várias companheiras se afastem por constrangimento. Quem divide o movimento de fato?

Felizmente, as feministas estão recebendo muitos textos e moções de apoio. Inclusive, após ver o que tinha acontecido, uma ativista enviou uma mensagem ao blog da Rede contando que também já tinha sido vítima de um dirigente do MPL segundo o relato. Ela diz: “No fim de 2009, voltando de um dos atos contra o aumento da passagem, eu sofri violência do meu ex-companheiro, de luta e de vida.”

Nós, do PSTU, também apoiamos essa luta e dizemos que é mais do que justo o escracho. Precisamos lutar contra a burguesia sim, em primeiro lugar. Mas temos a obrigação de travar uma batalha sem trégua contra a podridão da ideologia burguesa que nos atinge, como seres que não estão imunes à sociedade capitalista.

LEIA TAMBÉM: