Policial imobiliza manifestante durante protesto

Governo Papandreou e o congresso enfrentam profundo desgasteEm meio a massivas manifestações e a uma dura repressão da polícia antidistúrbios, o congresso da Grécia finalmente aprovou, na tarde desse dia 29 de junho, o novo plano de austeridade exigido pela União Europeia e o FMI para a liberação do empréstimo ao país. O novo plano prevê ainda mais cortes no orçamento, demissões de funcionários públicos, aumento nos impostos e privatizações.

A imagem do parlamento grego completamente sitiado pelas forças de segurança, e a enorme nuvem de gás lacrimogêneo que se elevava sobre a Praça Syntagma, em frente ao congresso, representam o quadro de um país endividado, com um governo submisso aos interesses das potências credoras, assim como de um povo que não agüenta mais pagar a conta dessa crise.

Regime desgastado
Após dias de incerteza sobre a aprovação do plano de cortes, o que levou até mesmo a chanceler alemã Ângela Merkel a pressionar a oposição grega para votar a favor do pacote, o plano foi aprovado com relativa folga, com 155 a favor e 138 parlamentares contra, além de cinco abstenções. Mostrando o grau de apreensão que cercou a votação, apenas minutos após o resultado os presidentes da Comissão Europeia, Durão Barroso e o dirigente do Conselho da União Europeia, Herman Van Rompuy, divulgaram comunicado felicitando a aprovação do pacote. Já Merkel, de Berlim, qualificou a aprovação como “uma boa notícia”.

Mas a pressão da UE e do FMI sobre os deputados gregos está longe de terminar. O pacote foi aprovado, mas eles ainda devem votar a sua aplicação efetiva. “Os olhos da Europa se voltarão outra vez a Atenas, já que os deputados estão chamados a aprovar as medidas de aplicação do programa”, afirmou em tom de advertência Barroso. Se a chantagem para a aprovação do pacote nesse dia 29 foi a liberação da quinta parcela do plano de ajuda já implementado a partir de 2010, a sua concretização vai ser a moeda de troca para a formulação de um novo pacote de ajuda.

É a armadilha para que o FMI e a UE continuem tendo, através do governo de George Papandreou, do partido social-democrata Pasok, absoluto controle sobre o parlamento grego. E intensifique os cortes, privatizações e submissão do país através da dívida pública, num processo de colonização do país heleno pelas potências europeias.

Protestos se intensificam
Após a notícia da aprovação do pacote, os protestos que já vinham sendo realizados desde o dia 28, parte da greve geral de 48h convocado pelas centrais, se radicalizaram. Os manifestantes destruíram um posto da polícia em frente ao Ministério das Finanças, além de prédios públicos nas redondezas.

A repressão foi ainda mais dura. Durante os dois dias a polícia grega despejou gás lacrimogêneo de forma indiscriminada contra os manifestantes. Segundo o espanhol El Pais, cerca de 500 pessoas tiveram que ser atendidas por um posto de emergência próximo à praça. Além disso, 30 pessoas foram detidas.

A aprovação das novas medidas de “austeridade”, que vão aprofundar a situação de caos social em que o país já está mergulhado, deslegitima cada vez mais o governo e o congresso. “O sistema político está contra o povo, existem uma ruptura de legitimidade profunda” , declarou à imprensa o professor de economia política em Londres, Stathis Kouvelaks.

Os manifestantes que protestavam contra os cortes do lado de fora do parlamento, sufocados com o gás lacrimogêneo, já perceberam que só derrotarão as medidas impostas pelo FMI e a UE pondo abaixo esse governo. “Continuaremos os protestos até o governo cair, e cairá“, afirmou a estudante Thanas.

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