Descaso do governo e as denúncias de corrupção transformaram indignação em disposição de lutaA greve dos servidores, que teve início em 2 de junho com a adesão dos trabalhadores da seguridade social e parte dos órgãos federais, entra em sua terceira semana em um processo de constante crescimento.

A mobilização já atinge 80% dos trabalhadores ligados à Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Saúde, Trabalho, Previdência e Assistência Social (Fenasps) e 70% dos ligados à Confederação Nacional dos Trabalhadores do Serviço Público Federal (Condsef). São mais de vinte e seis órgãos públicos, dentre eles o INSS, Saúde, Agricultura, Incra, Funai, Ibama, Cultura, Fazenda e outros.

O descaso do governo, que apresentou um ridículo reajuste de 0,1%, combinado com as denúncias de corrupção têm transformado indignação dos servidores em disposição de luta. A grande adesão ao movimento, que surpreendeu as direções, colocou na ordem do dia a necessidade da ampliação da greve e o aprofundamento da unidade.

“Lula, que papelão, 0,1% pra servidores; 30 mil pro mensalão”
Ainda não há nenhuma proposta do governo. Ao contrário, o ministro da Previdência e suspeito de corrupção, Romero Jucá (PMDB-PA), afirma que não atenderá a principal reivindicação dos trabalhadores desse ministério.

Com o mesmo discurso, o secretário de Recursos Humanos do Ministério do Planejamento, responsável pelas negociações com a Coordenação Nacional das Entidades dos Funcionários Públicos (CNESF), informou que os recursos disponíveis para despesas com pessoal são apenas para garantir os péssimos acordos setoriais celebrados no ano passado. Assim, o governo segue uma política de arrocho.

Comando Nacional de Mobilização
Agora, é preciso não só garantir apoio e solidariedade aos servidores em greve, mas também retomar a unificação, estendendo a greve aos demais setores. Por outro lado, considerando que o governo não apresentou nenhuma proposta, é fundamental que o movimento reafirme os eixos da pauta unificada, tendo como destaque a reposição das perdas acumuladas no governo Lula, de 18%. Também é preciso incluir as denúncias de corrupção e a exigência de apuração e responsabilização de corruptos e corruptores.
Para ampliar a greve, a CNESF instalou esta semana, em Brasília, o Comando Nacional de Mobilização e aprovou um calendário chamando um acampamento nacional e uma marcha a Brasília de 20 a 23 de junho. A tarefa agora é organizar caravanas nos estados, envolvendo todas as categorias e apostar todas as fichas nesse calendário. É preciso exigir das direções o cumprimento das deliberações da CNESF, pressionando, pela base, para que centenas de ônibus “invadam” Brasília e os servidores “façam tremer o Planalto Central”, como diz no panfleto do Comando Nacional.

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