Existem emoções difíceis de transmitir. Por mais que se conte com detalhes o que aconteceu no dia 25 de março em São Paulo, no Encontro Nacional Contra as Reformas, será difícil chegar perto da emoção vivida diretamente por seus participantes.

O Encontro superou todas as expectativas. Em primeiro lugar, pelo número de participantes. Sem dinheiro da corrupção ou apoio do Estado, os ativistas e os sindicatos de todo o país bancaram a vinda para São Paulo de quase seis mil representantes do movimento sindical, estudantil e popular. Isso só foi possível porque existe um ânimo novo nas bases, talvez uma preparação para lutas futuras do país. A imagem do ginásio lotado, repleto de bandeiras vermelhas, fez vir lágrimas aos olhos de muitos.

Em segundo lugar, o Encontro foi uma demonstração do acerto da política de frente única e unidade de ação. Setores muito diferentes em suas posições políticas debateram e deliberaram bandeiras e um plano de ação comum, ou seja, foram privilegiados, por cima das diferenças existentes, os acordos que podemos alcançar para lutarmos juntos. Essa não é a lógica que predomina em amplos setores de esquerda, que, por sua miopia política, não conseguem ver a necessidade que as massas de trabalhadores têm de se colocar em luta. Para isso, é necessária a unidade.

Esse Encontro foi marcado pela política de frente única, que possibilitou juntar, num mesmo plano de lutas, a Conlutas, a Intersindical, as pastorais sociais da Igreja, algumas confederações, as principais entidades do funcionalismo federal e do movimento estudantil e popular.

A combinação do grande número de presentes e da política unitária produziu um encontro com uma força impressionante. As pessoas se sentiam fazendo história, pelo caráter inédito da reunião.

Novamente um chamado ao MST
As representações das entidades convidadas, como o MST e a CSC, têm agora a difícil missão de levar o balanço desse encontro às suas entidades. Como sabemos, nenhuma dessas entidades rompeu com o governo. Suas direções seguem ainda acreditando que é necessário lutar “contra o imperialismo” e não contra o principal ponto de apoio de Bush no Brasil, que é o governo Lula.

No entanto, o encontro demonstrou claramente a preparação de uma ampla frente contra o governo, que pode ter uma repercussão muito importante entre os trabalhadores. Por isso, fazemos um chamado ao MST e a CSC para que rompam com o governo. Sem a ruptura, não será possível sustentar essa luta até o fim.

Construir o plano de lutas nas bases
Agora, a vitória do encontro possibilita dar um passo maior e mais difícil. O governo Lula ainda tem o apoio da maioria dos trabalhadores, mas é possível disputar a consciência da classe trabalhadora com esse plano de lutas que foi definido no encontro. E é possível fazer com que setores importantes dos trabalhadores rompam com o governo e se integrem a essas mobilizações. A disputa pelas massas trabalhadoras está colocada já na abertura do segundo mandato de Lula.

Para isso, é necessário que cada um dos presentes ao evento leve para sua fábrica, escola, comunidade, etc. as propostas do encontro. Além disso, devemos levar para as nossas bases a idéia simples e poderosa de que podemos lutar juntos, unificados com outras categorias e regiões.

Todos para as bases discutir as propostas do Encontro Nacional! Vamos começar a construir a primeira etapa do plano de lutas, que são os atos de 1º de Maio desse Fórum que acabamos de criar.
Post author Editorial do Opinião Socialista nº 293
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