Correio Internacional: publicação da Liga Internacional dos Trabalhadores – Quarta Internacional (LIT-QI)Meses antes da crise e do desemprego em massa, a grande revolta grega anunciava a entrada em um novo período da luta de classes na Europa. Iniciada no dia 6 de dezembro em resposta ao assassinato do jovem Alexis, a rebelião foi protagonizada pela “geração dos 700 euros” e gerou uma semi-insurreição espontânea que pôs a Grécia de pernas para o ar.

A ascensão operária e popular vai se estendendo para outros países. Vejamos alguns dos fatos mais importantes:

Espanha
Desenvolveram-se numerosas lutas setoriais, em especial contra os EREs (Expedientes de Regulação de Emprego), pelos quais as empresas apresentam seus planos de demissões. Ocorreram mobilizações em Barcelona, onde a Nissan quer demitir 1.400 trabalhadores. Em novembro, uma manifestação contra os EREs realizada por trabalhadores da Nissan, Pirelli, Tyco, Delphi e outras empresas, convocada pelas centrais CC.OO. e UGT, contou com 40 mil pessoas. Em Madri, em novembro passado, a Coordenadora de Trabalhadores da Previdência Pública realizou uma manifestação contra a privatização do setor (20 mil pessoas). Para completar o quadro, dezenas de milhares de estudantes manifestaram-se contra a privatização do ensino universitário, e agora se planeja um encontro nacional para continuar a luta.

França
No dia 29 de janeiro, uma enorme greve geral parou o país. Convocada pelas oito centrais sindicais “contra o apoio unilateral que o estado francês brinda aos bancos e à indústria, mediante o pacote de medidas para reativar a conjuntura econômica” e para exigir que “o governo implemente despesas em massa do estado para ajudar também os trabalhadores e desempregados a enfrentar as consequências da crise financeira e econômica” (Clarín, 30/01/09). Para o dia 19 de março está convocada uma nova greve geral. Nos territórios franceses de Guadalupe e Martinica, no Caribe, há várias semanas se desenvolve uma greve geral em protesto contra o alto custo de vida e exigindo ajuda financeira do governo Sarkozy.


No dia 21 de fevereiro, 120 mil pessoas se reuniram na capital da Irlanda, Dublin, um dos países europeus mais afetados pela crise global, para “protestar contra o papel do governo e dos bancos na crise financeira” (La Nación, 22/2/09). O protesto, um dos maiores na história do país, foi convocado por vários sindicatos contra a decisão do premiê conservador Brian Cowen de taxar com um imposto as pensões de 350 mil empregados estatais.

Itália
No dia 17 de outubro, os “sindicatos alternativos” chamaram uma jornada de greve e mobilização. Em Roma,

houve participação milhares de manifestantes, especialmente trabalhadores das escolas e jovens estudantes, em oposição à reforma educativa impulsionada pelo governo Berlusconi. Para debilitar o movimento do dia 17, a maior central sindical italiana, a CGIL, convocou uma paralisação de quatro horas para o dia 13, mas muitos setores, como servidores públicos e metalúrgicos, decidiram estender o protesto para toda a jornada.

Os sindicatos alternativos se somaram também a essa convocação com sua própria plataforma de reivindicações e realizaram mobilizações com dezenas de milhares de participantes nas principais cidades italianas. O setor educacional (docentes e estudantes) continuou a luta nos meses seguintes. No dia 13 de fevereiro, a CGIL, pressionada pela convocação da federação metalúrgica, chamou uma nova jornada de luta. Em Roma, se realizou uma gigantesca manifestação com 700 mil pessoas, com forte presença de servidores públicos, metalúrgicos e estudantes.

Portugal
A vanguarda da luta no momento são os professores, na batalha contra um plano de reestruturação do sistema educacional e da carreira docente,
impulsionado pelo governo “socialista” de Sócrates. No dia 8 de novembro, foi realizada uma manifestação com 120 mil pessoas (uma das maiores desde a revolução de 1974). No dia 15 de novembro, diante da tentativa dos sindicatos “oficiais” de pactuar com o governo, cresceu o peso das organizações de base e independentes. Estas realizaram uma convocação própria com mais de 15 mil pessoas, por fora do aparelho da burocracia sindical, que buscava desmobilizar.

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