Sua tentativa de retorno mostrou essa contradição: Zelaya fez um chamado ao povo para que fosse à fronteira com a Nicarágua garantir sua entrada. Foi uma convocação irresponsável, pois o presidente deposto fez crer que poderia convencer a cúpula militar a deixá-lo entrar pacificamente. Assim, colocou em risco a vida e a liberdade de milhares de ativistas e de muitos dirigentes da frente de resistência, cuja prisão poderia ter paralisado o movimento antigolpista.
A improvisada marcha demonstrou também o erro das principais direções da resistência, que seguiram Zelaya sem críticas. A resistência não deixou claro o sinal verde de Zelaya ao Acordo de San José. Nem foi dito que a política de chamar uma “mobilização pacífica” é um beco sem saída, pois gera ilusões no caráter supostamente “patriótico e negociador” da cúpula militar.

A frente de resistência deve retomar a luta direta e de massas para derrotar o golpe.

A greve geral de 48 horas iniciada em 22 de julho teve cerca de 80% de adesão, com dezenas de bloqueios de estradas em todo o país, parando portos e aeroportos. Militantes contam que, desde a grande greve bananeira de 1954, não se via uma greve tão generalizada, reunindo todas as forças sindicais e com fortes mobilizações de rua. O chamado de Zelaya para que o povo fosse à fronteira debilitou a greve e enfraqueceu as organizações da resistência na capital e nas principais cidades.

A situação em Honduras é explosiva e instável. Apesar da “aventura na fronteira”, que poderia ter levado a um massacre e a uma grande desmoralização, as massas, com heroísmo e capacidade de sacrifício, conseguiram recuperar forças e retomar a mobilização. Esse episódio deve deixar lições importantes: só a mobilização independente das organizações de massa, com métodos de ação direta, pode derrotar efetivamente os golpistas e a negociação acordada.

Independentemente de todas as nossas críticas à política de Zelaya, reafirmamos que a reivindicação democrática central do povo hondurenho é seu retorno imediato e incondicional à presidência, exigência que vai diretamente contra o golpe. É preciso colocar no centro da batalha o retorno de Zelaya e as medidas de luta necessárias. A Frente de Resistência contra o Golpe deve intensificar os bloqueios de estradas e preparar uma greve geral que derrote o golpe.

Pela restituição incondicional de Zelaya!

-Derrotar o golpe com a mobilização popular: por uma greve geral até derrubar os golpistas!

-Punição aos golpistas. Julgamento de todo o alto comando militar!

-Dissolução da Corte Suprema e do Congresso, que orquestraram o golpe!

-Por uma assembleia constituinte livre, democrática e soberana!

-Solidariedade internacional à heroica luta das massas hondurenhas. Boicote total aos golpistas!

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