O grande argumento do Banco Central para o aumento da taxa de juros é o controle da inflação. Trata-se apenas de mais uma ideologia, de uma falsa idéia, que serve para encobrir interesses materiais de um setor social, no caso os banqueiros.
Essa ideologia ganhou peso na sociedade, na esteira do desmonte das hiperinflações dos anos 1980. Os planos neoliberais, como o Real no Brasil e o Cavallo na Argentina, foram os instrumentos utilizados pelos governos burgueses para baixar a inflação e, desde então, isso justifica tudo.
O objetivo de um plano econômico no Brasil deveria ser a resolução dos graves problemas sociais do país, como a miséria e o desemprego, mas isso é deixado de lado para se combater a inflação. A política usada para chegar a esse objetivo (o aumento dos juros) é uma opção econômica (existiriam outras) que dá bilhões de lucros a uns poucos e prejuízos a milhões.
Neste momento, por exemplo, o que mais pressiona as taxas de inflação é o aumento das tarifas dos serviços públicos (água, luz, telefone). O governo não toca nesses preços, porque afetaria os lucros das multinacionais que privatizaram esses serviços.
A taxa de juros é um dos componentes essenciais nos custos de um investimento. Por exemplo, se uma empresa (grande ou pequena) quer se ampliar, vai precisar de empréstimos, e quando os juros sobem vai gastar mais com os empréstimos, o que será depois repassado para os preços. Caso o problema fosse controlar a inflação, o essencial seria controlar rigidamente os preços, e não elevar os juros. E como vimos, mesmo em uma economia capitalista, para baixar a inflação, além de controlar os preços, se deveria baixar os juros.
A política escolhida, a elevação das taxas de juros, só foi feita porque aumenta os lucros do capital financeiro.
O raciocínio é de um simplismo grosseiro, explicado de forma pedante e misteriosa, exatamente para esconder a fragilidade da ideologia: com o aumento da taxa de juros, se reduz o crescimento econômico e, assim, se evita a inflação.
Na verdade, juros elevados aumentam o lucro dos bancos. Basta dizer que esta
elevação de 0,25% decretada pelo BC, aumentou o lucro dos bancos em R$ 1 bilhão ao ano.
Ao governo, por outro lado, interessa que os banqueiros comprem cada vez mais títulos públicos para manter o fluxo de capitais necessário para garantir o pagamento das dívidas externa e interna. Tudo isso, realizado sob o disfarce da terrível pressão inflacionária.
Completando a manobra, Palocci anunciou que o governo vai aumentar a meta de superávit primário, que pelo acordo com o FMI é de 4,25% ao ano. Ou seja, o governo vai cortar ainda mais gastos sociais para poder pagar esses juros a mais aos banqueiros.
Post author Eduardo Almeida, da redação
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