Os trabalhadores e os jovens podem ver todos os dias notícias da crise econômica mundial. Na Europa, onde estão boa parte dos países apontados como modelos do capitalismo, a crise tem realmente dimensões históricas. Para salvar as grandes empresas, em particular aos bancos, os governos endividaram os países de tal maneira que, agora, as dívidas se tornaram impagáveis. Grécia, Irlanda, Espanha, Portugal e Itália estão praticamente falidos.

Como reação, os mesmos governos ligados aos bancos, resolveram acabar de vez com o chamado “estado de bem estar social”, uma série de conquistas históricas dos trabalhadores europeus, como seus salários e aposentadorias.

Em essência, os bancos causaram a crise e, agora, querem se salvar fazendo um corte duríssimo nos salários e conquistas dos trabalhadores. Caso os banqueiros e donos das grandes empresas vençam, o proletariado europeu baixará seu nível de vida ao nível latino-americano atual. Ou ainda pior.

No entanto, o proletariado europeu é o de maior tradição de luta em todo o planeta. As batalhas recém começam e se estenderão por muitos anos. As greves gerais e os enfrentamentos de rua já estão presentes na Grécia, Espanha e Portugal. A situação ainda é muito diferenciada de país a país, mas é possível que situações e crises revolucionárias atinjam países imperialistas pela primeira vez desde a Revolução Portuguesa de 1975.

E o Brasil?
O Brasil ainda não está em crise. E o governo faz propaganda de que isso acontece graças às virtudes de sua política econômica. Infelizmente a maioria dos trabalhadores acredita nisso, e Dilma segue apoiada pela maioria.

Queremos alertar os trabalhadores de que isso não é verdade. O Brasil segue crescendo porque as multinacionais se aproveitam dos baixos salários pagos aqui para aumentar sua taxa de lucros e salvar as matrizes nos países em crise. Além disso, a economia brasileira está muito atrelada à evolução da China, que continua crescendo. Se a crise econômica internacional evoluir para uma nova recessão, o que é muito provável, as multinacionais terão de decidir se continuam investindo no Brasil. Caso suspendam os investimentos, o Brasil vai a uma nova crise, como em 2008-2009.
Já existem reflexos disso nos dias de hoje. A desaceleração econômica é o primeiro deles. O aumento do PIB vai cair de 7,5% (em 2010) para 3%, ou menos, em 2011. O país segue crescendo, mas bem menos do que antes. A patronal e o governo endureceram nas campanhas salariais que foram mais fortes nesse ano, causando greves longas, como a dos Correios e bancários, além do funcionalismo público.

Mas os trabalhadores que apóiam o governo respondem: “Ainda bem que Dilma tem essa política econômica, de apoio às grandes empresas, porque, assim, o Brasil segue crescendo”.

A verdade é outra. Com essa política, já existe um caos na educação e na saúde públicas. O governo dedica 49,15% do orçamento (ou seja, metade de tudo que se arrecada em impostos e taxas no país) ao pagamento da dívida aos banqueiros. É isso que explica a crise nos hospitais públicos, a falta de creches, o caos na educação.
E é importante que se saiba de algo ainda pior. Como os juros pagos aos banqueiros no Brasil são os maiores de todo o mundo, o que é gasto aqui em termos relativos é muito mais do que se paga em todos os países mais atolados em crise da Europa. O governo está pagando, em 2011, entre parcelas e juros, no Brasil, 954 bilhões de reais aos banqueiros. Isso corresponde a espantosos 25% do PIB do país. A Grécia está gastando 5,47% de seu PIB com a dívida nesse ano, Portugal, 3,04%; Itália, 4,53%; Irlanda, 3,2% e Espanha, 1,6%.

Isso significa que já existem consequências muito sérias na vida do povo, como a crise já presente na educação e saúde públicas. Mas, no caso de o país viver uma nova recessão, as consequências serão ainda maiores. Os ataques aos trabalhadores serão semelhantes aos que estão sendo aplicados pelos governos europeus contra a aposentadoria, os salários e os empregos.

10% do PIB para a educação pública já
É essa compreensão que levou a CSP-Conlutas, ANEL, ANDES, muitos sindicatos e entidades estudantis a encaminharem a campanha pelos 10% do PIB para a educação pública já. É preciso lutar contra essa política econômica que sacrifica o país para enriquecer ainda mais os banqueiros.

Essa campanha está realizando um plebiscito em todo o país, que está sendo um sucesso, com a votação de centenas de milhares de pessoas na base dos sindicatos, empresas, bairros e escolas.

O PSTU está presente com todas as nossas forças na organização do plebiscito e chama o conjunto das entidades e ativistas do movimento sindical, estudantil e popular a se somar nessa campanha.

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