Eles tentaram… O prefeito Márcio Lacerda cortou as linhas de ônibus de vários bairros da periferia e decretou, na tarde de terça feira (25), feriado municipal para o dia seguinte. A Polícia Militar fez várias ameaças públicas aos manifestantes, pediu para que os pais não deixassem seus filhos saírem às ruas, o comandante do policiamento de Belo Horizonte, Coronel Cláudia Romualdo, afirmou no Twitter: "quem sair às ruas na quarta estará cometendo suicídio”.
 
Apesar de tudo isso, na tarde desta última quarta-feira (26) cerca de 100 mil pessoas pararam a capital com mais uma gigantesca marcha. O ato teve concentração na Praça Sete por volta de meio-dia e depois seguiu pela Avenida Antônio Carlos, rumo ao estádio Mineirão. Os gritos e cartazes inundaram BH contra os gastos com os com a Copa, por mais investimentos em áreas sociais como saúde e educação, pela redução das tarifas de ônibus, pela ampliação do metrô e o passe livre estudantil.
 
Os movimentos de trabalhadores organizados participaram em peso da marcha. Estiveram presentes o Sind-REDE (rede municipal de educação), o Sindibel (servidores da PBH), o Sind-UTE (rede estadual de educação), o Sind-Saúde, o Sind-Eletro (eletricitários), o Sindpol (policiais civis em greve), Federação Democrática dos Metalúrgicos, MST e as centrais sindicais CSP-Conlutas, CTB e CUT Minas. Até mesmo a Vallourec & Mannesmann, fábrica de tubos de aço localizada na região do Barreiro, fechou as portas. O medo era que os operários aderissem ao dia de luta.
 
A participação dos trabalhadores da saúde foi uma demonstração de solidariedade. Cerca de 200 servidores da saúde municipal organizados pelo Sindibel participaram da marcha de branco, atendendo voluntariamente os feridos pela repressão policial.
 
A Polícia Militar faz novas vítimas
Um ato gigantesco, que contou com a participação dos mais diversos setores populares, reunindo trabalhadores, estudantes, aposentados, mães e pais com seus filhos, idosos, deficientes físicos, dentre outros, terminou com a Polícia Militar cumprindo o prometido: reprimindo brutalmente os manifestantes com uma violência completamente desproporcional. Mais dois manifestantes, tentando fugir dos disparos e das bombas da polícia, caíram do Viaduto José de Alencar.
 
O jovem metalúrgico Douglas Henrique de Oliveira de apenas 21 anos foi mais uma vitima da Polícia Militar,  do Governador Antônio Anastasia (PSDB) e da Presidente Dilma Rousseff (PT), que enviou a Força Nacional de Segurança para auxiliar na repressão aos manifestantes. Não é uma coincidência, nem um trágico acidente. O viaduto fica bem próximo à barreira militar colocada para impedir o acesso ao "perímetro de segurança" da FIFA.
 
A imprensa dos ricos manipula os fatos
A grande imprensa mostra os fatos de maneira completamente distorcida com o objetivo dividir a opinião pública. Os telejornais, as rádios e os veículos impressos focam toda a cobertura nos momentos de violência e nas ações de depredação às grandes concessionárias e agência bancárias. Todos sabem, e até a própria PM já admitiu, que existem policiais à paisana infiltrados entre os manifestantes. Eles atuam para criminalizar ativistas, provocar conflitos entre os próprios manifestantes e para incitar a violência. 
 
Durante a manifestação, no momento em se iniciavam os conflitos, o carro de som dos movimentos sociais que ajudava a organizar a manifestação foi atacado por um grupo de provocadores, o que fez a manifestação se dividir.
 
A primeira violência em todas as manifestações vem por parte da policia e do Estado que cerceiam a população de usufruir de espaços da cidade. O “território da FIFA”, como ficou conhecido, é um ataque direto aos direitos dos jovens e trabalhadores de BH, em favor de interesses privados e da elite do país. Por isso, não podemos aceitar a forma como a mídia vem tratando as mobilizações, dando foco às ações violentas e ignorando as reivindicações do movimento.