Existe uma indignação surda correndo o país. Muitos trabalhadores vêem o governo Lula promovendo negociatas junto com Renan Calheiros para garantir a votação da CPMF. Os trabalhadores dos Correios, que saíram à greve, foram traídos pela direção de sua federação, que é da CUT governista. Os bancários também se sentem traídos pelas direções sindicais da CUT, que impediram uma greve de toda a categoria. Os estudantes estão enfrentando o projeto Reuni do governo e da UNE governista.

Mas, até agora, as mobilizações que ocorreram foram parciais, específicas de cada setor. Isso reduz a possibilidade de vitória, porque enfrentamos um governo que ainda engana a maioria do povo tanto pelo passado de Lula, como pelo apoio da grande imprensa, quanto da CUT e da UNE. É preciso construir uma mobilização nacional que unifique essa indignação popular.

O Plebiscito Popular, realizado pela Conlutas, setores da Igreja, MST e outras entidades na semana da pátria, foi um passo neste sentido, pois buscou unificar os setores que estão em luta numa atividade comum. O plebiscito visou que a população opinasse sobre a reforma da Previdência, o pagamento das dívidas interna e externa, o custo das tarifas de energia elétrica e a privatização da Vale. Mesmo sem o apoio do Estado e com a CUT e a UNE fazendo “corpo-mole” (ou diretamente boicotando), conquistou-se quase 4 milhões de votos.

O plebiscito foi um passo para a construção da marcha a Brasília de 24 de outubro. Essa vai ser a grande manifestação unitária de 2007. Os trabalhadores e estudantes vão a Brasília cobrar respostas para as questões colocadas pelo plebiscito. Uma em particular vai centralizar as atenções: a anunciada reforma da Previdência de Lula.

Esta reforma visa atacar o direito de aposentadoria ao definir uma idade mínima de 67 anos, ou seja, o governo quer que a maioria trabalhe até morrer, sem direito a se aposentar.

Após a absolvição de Renan, e já tendo de comprar o desgaste da manutenção da CPMF, o governo adiou a apresentação da proposta de reforma, que deveria ter sido lançada em setembro. Mas o ministro da Previdência, Luiz Marinho já anunciou que vai aumentar mesmo o tempo de contribuição necessário para a aposentadoria, mesmo que não haja acordo no Fórum Nacional da Previdência. Este “fórum” é uma farsa montada pelo governo, com representantes das grandes empresas e pelegos da CUT e Força Sindical. Marinho disse que o governo vai apresentar a proposta de aumento da contribuição em novembro.

A crise política fez o governo adiar a apresentação da proposta de reforma. O governo, portanto, não pode fazer tudo o que quer. A marcha de 24 de outubro pode gerar uma mobilização que obrigue o governo a adiar ou recuar em seu projeto. Por esse motivo é tão importante construir uma grande manifestação.

Isso significa que, além de nossas lutas específicas, temos uma outra contra a retirada do direito de aposentadoria.

É muito importante garantir uma grande marcha a Brasília no dia 24. Os esforços já estão sendo feitos pelos ativistas da Conlutas de todo o país, com reuniões nas bases para discutir a mobilização e arrecadar fundos para pagar os ônibus.

É hora de dizer NÃO! Não a que este Congresso corrupto decida sobre nosso direito à aposentadoria!

Post author Editorial do Opinião Socialista nº 318
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