Geraldo Rodrigues, de São Paulo (SP)

Ponta-de-lança nos projetos de privatizações do governo Temer, a empresa vem sendo cada vez mais sucateada. Greve é fundamental na defesa do patrimônio público

Com mais de 3 mil ECTistas, a assembléia desse dia 26 votou, por unanimidade, pela greve da categoria em São Paulo e na região metropolitana. Junto com São Paulo, Rio de Janeiro também votou pela greve, aderindo ao movimento que já contava com 31 sindicatos do Brasil inteiro.

Por nenhum direito a menos!
Os funcionários da empresa reivindicam reajuste salarial, com um aumento de 8% Além disso,   os trabalhadores sofrem com o desmantelamento do plano de saúde, além do crescimento no número dos acidentes de trabalho, sobretudo assaltos aos carteiros e nas agências.

Em 2016, os Correios abriram um Programa de Demissão Incentivada (PDI) que se estende até hoje. De 127 mil funcionários, hoje o quadro caiu para 108 mil. Mais de 200 agências no país foram fechadas.

Mais ainda, hoje a maior sombra sob a cabeça dos trabalhadores é a privatização da empresa. Desde a MP 532, instaurada no governo Dilma, os Correios criaram condições para ser uma sociedade anônima. Esse mesmo governo criou a CorreiosPar, uma subsidiária que, na prática, significa a terceirização dos serviços mais lucrativos e a preparação para a privatização total da empresa.

Desde 2011 não há concurso público. A realidade da categoria é de sobrecarga de trabalho e exploração, forçando muitos trabalhadores a abrirem mão do concurso. Por ser um trabalho braçal, para diversas pessoas a única oportunidade de ter um trabalho estável é através dos Correios, ou seja, configura um ataque direto à população mais pobre, que além de ter que pagar cada vez mais caro por um serviço pior, vê mais uma oportunidade de trabalho decente fechada.

PCdoB e Findect, tirem as mãos dos nossos direitos!
Hoje, há duas federações que representam a categoria nacionalmente: A Fentect, composta por 31 sindicatos e a Findect, com 5 sindicatos  entre eles os de São Paulo e Rio, os maiores do país.

A Findect cumpre justamente o papel contrário: o de capataz do presidente da empresa. Ao longo das últimas semanas, o sindicato em São Paulo fez de tudo para barrar a greve, chegando a visitar diversas unidades para mostrar os malefícios da greve nacional. Na própria assembléia, os diretores do SINTECT-SP não perderam a oportunidade de achincalhar a oposição, que tem construído a greve na raça.

Isso é só mais um exemplo cabal que não podemos esperar nada dos traidores da classe trabalhadora. Enquanto os ECTistas sofrem com um trabalho cada vez mais pesado e com menos direitos, o sindicato bebe café com o presidente Guilherme Campos em Brasília. É muita cara de pau!

Fora todos eles! Por um Correios 100% público e estatal!
Mais do que entregar cartas, o Correios desempenha um papel social fundamental na sociedade inteira. É ele que interliga toda a indústria e fornece comunicação nos locais mais inóspitos do país. Ele é peça chave em toda a economia nacional e internacional. Abrir mão dos Correios significa entregar nossa comunicação e ligação entre todas as partes da economia para o imperialismo de vez. Exemplificando: mesmo com tudo estatal, se o Correios for privado todo o controle das redes industriais são estrangeiras.

Não podemos recuar um passo! É necessário de imediato a abertura de novos concursos para resolver a sobrecarga de trabalho e o fim do CorreiosPar. Temos que ir além: É necessário um Correios 100% público e estatal sob controle dos trabalhadores.

Isso só será possível com a derrubada de todos os corruptos e corruptores no congresso. O PT e o PCdoB já deram mais do que provas que não representam os trabalhadores da categoria! É Fora Todos Eles! Por um governo socialista onde não só os ECTistas, mas todos os trabalhadores controlem em suas mãos seu próprio destino!

Greve fortalecida
A greve nacional dos Correios cresce em todo o país e já conta com a participação de 34 dos 36 sindicatos da categoria no país. Nesta terça, os maiores sindicatos do país, Rio e São Paulo, também aderiram, graça à pressão da base já que as direções destes sindicatos tinha apontado para defender a proposta da empresa que foi construída entre ECT, TST e a Findect (Federação Interestadual).

A proposta era de reedição do ACT (Acordo Coletivo de Trabalho) até 31 de julho de 2018, com reposição salarial de 3% a partir de janeiro de 2018, e manutenção das negociações no TST sob a cláusula do plano de saúde, que a empresa não abre mão de cobrar mensalidade dos trabalhadores e seus dependentes. Desde o começo das negociações, a empresa e governo tem como objetivo não fechar um acordo com a categoria, com objetivo de esperar entrar em vigou a reforma trabalhista. Primeiro, tentou prorrogar o acordo até 31 de dezembro de 2017, depois cancelou duas reuniões iniciais com os representantes dos trabalhadores. Só voltaram atrás depois que os trabalhadores, em assembleias em todo país, rejeitaram a proposta e exigiram abertura das negociações, um fator determinante para forçar a direção da Empresa a vir para a mesa de negociação e apresentar propostas reais, não fosse assim, “a enrolação” teria se estendido até o mês de novembro.

A categoria tem demonstrado que está disposta a manter a greve até conseguir as suas reivindicações. O problema é o papel das direções dos sindicatos, principalmente os de São e Rio de Janeiro, que se negaram a unificar a campanha nas datas de greve com os demais sindicatos do país, e ainda tentaram aceitar um acordo rebaixado. Agora o desafio é manter a greve forte e ampliá-la e exigir da direção da empresa uma proposta que a categoria possa aceitar.