Foto Agência Brasil
Redação

O mais recente escândalo envolvendo os donos da JBS, Joesley Batista e seu irmão, Wesley, além do executivo Ricardo Saud, jogam luzes sobre a questão da maior “processadora de carnes do mundo”.

Novos áudios mostraram que os irmãos Batista e o executivo omitiram informações à Procuradoria Geral da República (PGR) e tramaram uma delação junto ao ex-procurador Marcello Miller para gozarem de total impunidade nos crimes que cometeram. Mais que isso, estima-se que tenham lucrado pelo menos 100 milhões de dólares com a própria delação através de operações de câmbio.

Na nova reviravolta da crise, Joesley e Saud foram presos e tiveram a imunidade penal que ganharam com a delação revogada pela PGR. Como isso, acabaram entrando na denúncia que Janot acaba de enviar ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra Temer e o “Quadrilhão do PMDB”. Wesley também foi preso preventivamente por conta da tramoia que armou no mercado financeiro.

Com a prisão preventiva de Wesley, então presidente empresa, abriu-se uma disputa pelo controle da gigante de carnes. Os Batistas querem indicar um substituto de sua confiança, Gilverto Tomazoni, atual diretor global de operações da JBS e ex-presidente da Sadia. Um conhecido da casa que vai assegurar seus interesses lá dentro. Já o BNDES quer “profissionalizar” a gestão, chamando de preferência algum executivo de fora a fim de conferir maior credibilidade à companhia. “Chegou a hora de resgatar os investimentos de todos nós brasileiros na JBS“, afirmou no Twitter o presidente do banco, Paulo Rabello de Castro.

De qualquer forma, deve ser a assembleia dos acionistas da empresa que deve definir quem estará à frente da JBS com o seu atual presidente em cana. De toda maneira, a depender desses endinheirados engravatados, essa megaempresa continuará funcionando para garantir os lucros de meia dúzia de grandes acionistas.

Uma gigante construída com seu dinheiro
A JBS foi uma das principais empresas beneficiadas pela política do então governo Lula das “campeãs nacionais”, empresas brasileiras escolhidas a dedo para receber bilhões do BNDES. Estão nesta lista empresas como a Oi, Odebrecht e a EBX de Eike Batista. As contrapartidas estamos vendo agora. Foram mais de R$ 11 bilhões de financiamento que possibilitaram a empresa de Joesley se tornar a maior do mundo no ramo. Não é à toa que a JBS, assim como a Odebrecht, sejam as maiores financiadoras eleitorais.

A prepotência e sensação de impunidade do empresário acostumado a levar a melhor junto aos governos do PT e do PMDB ficaram gravadas na frase do áudio recentemente revelados: “Nóis não vai ser preso”.

As reviravoltas da crise política no marco de uma profunda crise interburguesa, porém, não estavam nos planos dos donos da JBS. De qualquer forma, a família Batista continua com a fortuna roubada dos cofres públicos, e os acionistas continuarão lucrando horrores depois de tudo isso.

A única forma de “resgatar o que foi investido pelo povo brasileiro” diz o governo é expropriando a JBS, sem indenização, colocando-a sob controle de seus trabalhadores. Qualquer que seja o executivo que assumir à frente da empresa vai continuar fazendo com que a JBS lucre através do dinheiro da corrupção e da exploração de seus trabalhadores.

O mínimo a se exigir é que Joesley e Wesley Batista fiquem presos, tenham seus bens confiscados e que a JBS seja expropriada sob controle dos trabalhadores.