Redação

É muito comum, na sociedade capitalista em que vivemos, os trabalhadores acharem que o estudo e a leitura são “perda de tempo”. Desde muito cedo, nos é colocado que os estudos fazem parte de um universo que não é o nosso, mas dos intelectuais e daqueles que tem dinheiro para comprá-lo, e que os homens e mulheres da classe trabalhadora não são capazes de compreender conceitos científicos e a História da humanidade.

Além disso, o trabalho no sistema capitalista nos consome a tal ponto que sempre deixamos o estudo e a compreensão da realidade para segundo plano. E quando fazemos isso, infelizmente, estamos fortalecendo os patrões e os governos de plantão a governarem para os ricos e a reforçarem seu regime contra os nossos interesses.

Sempre que lemos uma revista de economia ou um livro de política, é comum não compreendermos quase nada, pois ela é feita com termos específicos que não são utilizados no dia a dia do trabalhador. E isso é feito justamente para que o trabalhador não compreenda, pois imaginem: se os trabalhadores são aqueles que produzem toda a riqueza da humanidade com as suas mãos, e se eles tivessem os instrumentos para poder controlar e distribuir de forma racional toda essa riqueza? Assim, não precisariam mais dos patrões e nem de serem governados por esse bando de corruptos, pois construiriam um governo próprio, sem o mando da burguesia. Não precisariam obedecer às ordens de quem lucra em cima de seu trabalho.

A ciência e a arte, assim como a experiência acumulada em todos esses anos de luta e sacrifício, estão nos livros e nos documentos que foram produzidos no passado. Durante toda a história da humanidade, as classes exploradas foram excluídas do acesso ao conhecimento historicamente acumulado pelos seres humanos, restando-lhes apenas a obrigação de trabalhar todos os dias para manter o domínio de meia dúzia de pessoas.

Nós, do PSTU, atuamos nas lutas cotidianas dos trabalhadores. Estamos nas greves e nos processos de mobilização de nossa classe. Encabeçamos passeatas e vamos às ruas junto com a nossa classe para exigir nossos direitos e construir uma sociedade sem exploração e sem opressão. Nos enfiamos em ocupações para que o direito à moradia seja garantido. No entanto, participar ativamente dessas lutas não é o suficiente. Para transformar a realidade, é preciso compreendê-la. Por isso, estamos realizando uma jornada nacional de formação marxista nos meses de outubro, novembro e dezembro, para apresentar nosso partido aos ativistas, discutirmos a realidade em que estamos vivendo e apontar para uma saída em que os de baixo governem e se libertem das amarras do capitalismo.

E a jornada também começa no interior paulista
Sábado. Geralmente um dia de descanso, em que todos aqueles e aquelas que trabalharam durante a semana tiram um tempinho para ficar com a família e com os amigos, nada mais justo. Mas aqui em Rio Preto, para os militantes do PSTU e os ativistas que queriam nos conhecer, foi um dia de muitos debates e estudo (e também de estar com os amigos).

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Foi nesse sábado que iniciamos a nossa jornada de formação marxista, na qual debatemos inúmeros temas que estão em voga hoje em dia e que muitos setores da esquerda acreditam que perderam a atualidade. O que é o socialismo? Como funciona a sociedade capitalista? Como acontece a exploração no capitalismo? Esse sistema é indestrutível? É possível reformar o sistema capitalista? O que é o Estado? Qual é o papel de um partido revolucionário? Esses e outros temas foram debatidos em nosso primeiro dia de jornada com muita intensidade pelos companheiros que participaram conosco desse início de projeto.

Algumas pessoas acreditam que não precisamos acabar com o capitalismo, mas apenas com alguns de seus defeitos. No entanto, eu acho que as desigualdades sociais não são apenas defeitos, mas a essência do sistema capitalista”, foi a conclusão a que chegou uma companheira de Jaú, que participou conosco do curso. Esse trecho é apenas um exemplo de como foi o primeiro debate aqui no interior.

No curso participaram companheiros de distintas cidades, como Jaú, Araraquara, Guapiaçu e São José do Rio Preto. Além disso, também participaram companheiros de diversos movimentos sociais, como o movimento de mulheres, movimento negro, movimento popular de luta por moradia e também do movimento sindical. Também contou com a presença de companheiras e companheiros da ocupação Vila Itália 2, da ATEM (Associação dos Trabalhadores em Educação Municipal) e do MML (Movimento Mulheres em Luta).

“Sem teoria revolucionária, não há movimento revolucionário”
É com essa frase que Lênin polemiza com os economicistas cujo centro das preocupações era a luta econômica. Essa concepção, que se reflete em muitos setores que atuam na esquerda hoje, busca convencer os trabalhadores que apenas a luta por melhorias salariais ou parciais irão levá-los ao socialismo de forma “automática”. Essa concepção tenta convencer o conjunto da classe trabalhadora de que o estudo não é necessário, mas apenas a ação por melhorias econômicas. Nada mais falso.

Infelizmente, como já dissemos, as classes exploradas foram desprovidas de conhecimento durante séculos de história. Com o socialismo científico não poderia ser diferente. Veio de fora, dos setores médios (dentro do qual estavam Marx e Engels, criadores do socialismo científico). No entanto, com o desenvolvimento dos meios de comunicação e a crescente alfabetização dos trabalhadores, direitos conquistados com muita luta, podemos dizer que a classe trabalhadora é sim capaz de compreender a realidade a partir do estudo em concordância com a sua vida prática. Até por que, “não se trata apenas de entender a realidade, mas de transformá-la”, como disse Marx.

Gostaríamos de convidar todos os ativistas que querem conhecer nosso partido a se juntarem conosco nessa jornada.

Saudações socialistas e revolucionárias!

PSTU-São José do Rio Preto