Familiares tentam identificar corpos. Foto: Ponte
Redação

Corpos de jovens desaparecidos indicam execução pela polícia

Jonathan Moreira, 18 anos, César Augusto Gomes, 19, Robson Donato, 16, Caique Henrique Machado, 18 e Jones Ferreira Januária, de 30. Cinco jovens negros que, desde esse domingo, 6, passaram a integrar as estatísticas de assassinatos de jovens negros no país. Moradores da Zona Leste de São Paulo, os cinco estavam desaparecidos desde o dia 21 de outubro.

Os corpos dos jovens foram encontrados em Mogi das Cruzes, enterrados numa ribanceira cobertos por terra e cal. Um dos garotos era cadeirante, condição que adquiriu após um disparo da polícia dois anos antes, o que possibilitou a identificação quase que imediata dos corpos, apesar do estado em que se encontravam.

A última vez que foram vistos com vida estavam saindo para uma festa em Ribeirão Pires no sábado do dia 21. A última coisa que se sabe é que foram parados pela polícia. “Ei, acabo de tomar um enquadro ali. Os polícia está me esculachando“, avisou Jonathan numa mensagem de áudio a amigos. O Santana 1987 que dirigiam foi encontrado três dias depois.

Mesmo com um roteiro bastante conhecido e um tanto óbvio, o secretário de Segurança Pública, Mágino Alves Barbosa Filho, chegou a dizer que “não há nenhum indício da participação de policiais, sejam civis ou militares, no desaparecimento desses rapazes“. Se era ainda mais indícios que o secretário precisava, a revelação dos corpos nesse domingo trouxe uma montanha deles. Os jovens foram alvejados na cabeça e tórax, com tiros de ponto 40 e calibre 12, armas utilizadas pela polícia. Pelo menos estava amarrado com algemas plásticas.

Se isso tudo não bastar para mostrar o evidente envolvimento da polícia na execução dos jovens, a agência Ponte revela que a PM consultou dados de dois dos cinco garotos no dia em que sumiram.

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Emboscada e execução
Tudo aponta para uma emboscada previamente preparada seguida de execução. Os garotos saíram da Zona Leste em direção a Ribeirão Pires para uma festa que haviam sido convidados por garotas que conheceram pela Internet. Após sumirem, os perfis das garotas simplesmente desapareceram.

Familiares também informaram que os garotos estavam sendo perseguidos pela polícia por conta da morte de um PM e um guarda municipal. As evidências que faltam ao secretário de Segurança Pública saltam aos olhos: os jovens foram emboscados e friamente executados pela PM.

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Basta do genocídio da juventude negra!
Esse caso bárbaro é mais uma amostra do verdadeiro genocídio da juventude negra que ocorre nas periferias sob as mãos da PM. Região onde a pena de morte já é uma realidade cotidiana, mas para apenas jovens e negros.  Genocídio que causa a morte de mais de 23 mil jovens negros entre 15 e 29 anos, um a cada 23 minutos segundo relatório da CPI do Senado sobre o assassinato de jovens apresentado em 2016.

Enquanto essa Polícia Militar não for desmilitarizada e a juventude negra não tiver acesso a direitos básicos como emprego e educação e uma vida digna, esse genocídio vai continuar acontecendo.

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