A greve dos bancários durou 31 dias em boa parte do país. Em vários estados, os empregados da Caixa Econômica Federal rejeitaram a proposta apresentada e permaneceram ainda mais um dia paralisados. Os bancários foram a primeira categoria a nível nacional a se levantar contra o governo Temer e os planos de retirada de direitos dos patrões.

Durante a greve foram fechadas centenas de agências e centros administrativos de bancos privados e públicos em diversas cidades. A última proposta apresentada pelos banqueiros e governo foi de 8% de reajuste salarial, abono de R$3.500, 15% no vale-alimentação e 10% no vale-refeição. A força da greve garantiu ainda o abono total dos dias parados, mas a categoria teve que aceitar “goela abaixo” um acordo com validade de dois anos com reposição do INPC + 1% de ganho real em setembro de 2017. A não reposição da inflação e o acordo bianual é uma derrota para os trabalhadores imposta pela burocracia sindical, patrões e governo no momento de grandes ataques sofridos pelos trabalhadores.

Este ano a direção da Contraf (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro) antecipou o início da greve para logo após o impeachment, sem uma preparação maior da campanha na base da categoria. Não contavam com o endurecimento dos banqueiros na mesa de negociação e tiveram que reforçar o movimento no meio da greve para pressionar por uma proposta melhor. A categoria permaneceu firme em não aceitar uma proposta com perdas e setores novos de comissionados começavam a aderir ao movimento.

A proposta de acordo bianual só passou nas assembleias devido à presença de altos comissionados nas assembleias e o terrorismo imposto pelas direções sindicais com a compensação dos dias parados caso a proposta não fosse aceita.

A greve foi derrotada também pela falta de uma política consequente da Contraf/CUT para construir a unificação das lutas com as categorias mobilizadas no segundo semestre (Correios e petroleiros) e com as lutas gerais como o dia 22 de setembro e contra a PEC 241 que limita os gastos sociais para garantir o pagamento da dívida pública para os banqueiros. No Rio Grande do Norte e no Maranhão, sindicatos dirigidos pela Oposição, foram realizadas reuniões e plenárias conjuntas para buscar a unificação dos diversos setores em luta.

Ao impor uma nova campanha salarial somente daqui a dois anos, o caminho está aberto para que banqueiros e governo ataquem nossa categoria e nossa classe com terceirização, privatização, demissões e reestruturações. Acumular mais perdas salariais e não ter nenhum avanço nas questões específicas da Caixa, Banco do Brasil e nos bancos regionais em um momento em que os bancos lucram bilhões também não tem sentido nenhum.

Precisamos manter a mobilização junto aos outros trabalhadores contra os ataques gerais que estão colocados para o próximo período e estar nas lutas específicas da categoria, como por exemplo, a luta contra as demissões imotivadas nos bancos privados, derrotar a proposta de ratear o déficit da CASSI com os empregados do Banco do Brasil e a revogação do RH184 na Caixa Econômica Federal que extingue funções, retira o direito de incorporação de gratificações e possibilita a dispensa imotivada das comissões.

Fazemos um chamado à CUT e CTB e seus sindicatos para a construção de uma greve geral neste país com a preparação da categoria em assembleias na base para derrotar os planos de retirada de direitos do governo.

por Eloy Natan, de São Luís (MA)