Redação
Capachos do governo e do PSDB, “Vem Pra Rua” e MBL tentam enganar o povo para defender o governo corrupto do Temer
Neste domingo, 4, o país viveu mais uma série de manifestações convocadas principalmente pelo MBL (Movimento Brasil Livre) e o “Vem Pra Rua”, organizações que se colocavam como “apartidárias” e “independentes” na época dos grandes protestos contra Dilma. A convocatória do ato deste domingo chamava a população a se manifestar contra a corrupção, em defesa da Lava Jato e a favor das “10 medidas contra a corrupção” (que a maioria do povo não conhece) defendidas pelo Ministério Público Federal.
A luta contra a corrupção é uma bandeira democrática, desgraçadamente abandonada pela maioria dos setores de esquerda. Já a indignação popular em relação à manobra do Congresso Nacional para desfigurar o projeto do MPF e tentar aprovar a impunidade para corruptos é progressiva, ainda que algumas dessas medidas sejam autoritárias e reacionárias (como a restrição ao ‘habeas corpus’ por exemplo). Agora, depois de uma crise e bate-boca entre os dois movimentos, tanto o MBL quanto o “Vem Pra Rua” fizeram de tudo para blindar o governo Temer, focando nas críticas ao Congresso e ao presidente do Senado, Renan Calheiros.
Como é possível se manifestar contra a corrupção e poupar Michel Temer, envolvido na Lava Jato e que acabou de protagonizar o deprimente caso que derrubou seu ministro e amigo pessoal Geddel Vieira? Que mágica é essa capaz de apagar o papel de Temer, que encabeça o partido símbolo de corrupção, fisiologismo e coronelismo no país, o PMDB?
O papel do MBL e do “Vem Pra Rua” nas manifestações deste domingo deve servir para desmascarar essas organizações chapa-branca ligadas ao governo Temer e ao PSDB. Entidades ligadas e financiadas por partidos e empresas que enganam a população, convocando atos “contra a corrupção” para, na verdade, defender Temer e, mais que isso, Temer e suas medidas contra a própria população, como a PEC 55 e a reforma da Previdência.
Capachos do governo e dos corruptos do PMDB, do PSDB, e dos empresários
Nesta última semana, o principal dirigente do “Vem Pra Rua”, Rogerio Chequer, deu uma declaração mais exaltada, dando a entender que todos que eram contra a corrupção deveriam ir às ruas, seja de “direita” ou “esquerda”, e que Temer poderia ser alvo dos protestos. O MBL não gostou, fez escândalo e ameaçou abandonar as manifestações.
Diante desse entrevero, Chequer recuou. “O Vem Pra Rua não é a favor de Fora Temer. Nós não temos nenhum interesse de tirar o Temer do poder“, declarou o dirigente nas redes sociais. E ainda disse que esperava que quem fosse a favor do “Fora Temer” não comparecesse às manifestações. Parece que muita gente atendeu o pedido, pois as manifestações deste domingo foram muito mais esvaziadas do que se esperava e do que poderiam ter sido.
A real intenção desses grupos não é outro que defender o corrupto governo Temer e o PSDB e todas as suas medidas contra os trabalhadores e a população. E o PSDB que, inclusive, faz parte da operação- abafa da Lava Jato, junto com o PT e o PMDB. Eles tentam enganar o povo, convocando atos “contra a corrupção” e a favor de Temer, como se isso fosse possível. E, no embalo, aproveitam para defender a PEC, a reforma da Previdência, o ajuste fiscal e todas as medidas que, sabem muito bem, não reuniria meia dúzia nas ruas para reivindicar.
Chequer afirmou à imprensa que Temer tem “intenções extremamente positivas“, como a aprovação da PEC do Teto. “Um ajuste inevitável, goste ou não“, definiu. Já o MBL defendeu publicamente a reforma da Previdência na manifestação de domingo na Paulista. “Temos que ser a favor da reforma da Previdência, que vai acabar com os privilégios, igualando as aposentadorias dos servidores e dos juízes aos demais“, disse o dirigente da entidade, Renan dos Santos, que carrega mais de 60 processos nas costas, sendo 45 processos trabalhistas. Uma verdadeira mentira, pois a reforma da Previdência de Temer, assim como a que Dilma tentou impor, vai atacar os trabalhadores mais pobres, os que se aposentam mais cedo, para gerar superávit e beneficiar meia dúzia de banqueiros. E resta ainda a pergunta: não é essa também uma forma de corrupção?
Essa manobra espúria do “Vem Pra Rua” e do MBL é comparável à tentativa do PT e seus satélites de, em pleno processo de impeachment de Dilma, convocar atos contra Cunha e que embutiam a defesa do então governo do PT. Assim como aconteceu naquele episódio, ao se evidenciar o caráter chapa-branca desses atos, tendem a se esvaziar, como ocorreu neste domingo.
Construir um campo de classe
O MBL e o “Vem Pra Rua” são grupos da direita liberal ligados a Temer, ao PSDB, PMDB, a empresas e banqueiros. O MBL, inclusive, partiu para a agressão física, como uma força paramilitar, para desocupar as escolas ocupadas pelos estudantes nesse último período. A desgraça é que, com a quase totalidade dos setores de esquerda abrindo mão da luta contra a corrupção, ou defendendo diretamente os corruptos, tachando toda a base que se mobiliza contra eles de “coxinhas”, essa bandeira cai de bandeja para esses grupos. Não diferenciam a direção dessas organizações dos setores que vão às ruas e não se dispõem a disputar a maioria ou grande parte, que, não se enganem, está contra Temer, pois, se não estivessem este não tinha menos de 13% de popularidade.
A capitulação da esquerda que, na defensiva, não critica a corrupção porque o PT se envolveu nela até o pescoço, abre uma avenida para que grupos da direita liberal, e inclusive mais à direita, capitalizem a indignação da população e dos setores médios que romperam com o PT. E abrem o caminho para que eles defendam, para essa base, as reformas de Temer, como a PEC 55. É justamente essa esquerda que ajuda a direita.
É preciso construir um campo da classe trabalhadora, contra a corrupção e pela prisão dos corruptos e corruptores. Que seja contra Renan Calheiros e esse Congresso Nacional, mas também contra Temer, Aécio, o PSDB, DEM, sem distinção. Que exija fora Temer e fora esse Congresso Nacional, e que rejeita de forma categórica a PEC 55, a reforma da Previdência e trabalhista. Que defenda uma greve geral e desafie que existam ações que unifique todos os dispostos a se mobilizar contra a impunidade, a corrupção, contra Temer e suas reformas.