Foto Kelly Fuzaro/Band

Leia o editorial do Opinião Socialista nº 560

A divisão entre os de cima continua. A maior parte da burguesia (grandes empresários, banqueiros e ruralistas) se definiram por Alckmin. Outra parte apoia Bolsonaro. Há ainda uma parte com Marina, outra com Lula ou com quem ele apoiar e outra com Ciro Gomes.

A campanha eleitoral começa para valer a partir de agora. Ela encontra a maioria do povo e da classe trabalhadora indignada, desanimada. Uma grande percentagem aponta para abstenção, voto nulo e indecisos. Não é para menos. Os governos, até hoje, mantiveram uma desigualdade social indecente, na qual seis bilionários têm a mesma renda que 100 milhões de pessoas.

Os debates na TV têm a participação de apenas 8 dos 13 candidatos à Presidência. Os demais são vetados, entre eles a candidata do PSTU, Vera, a única que defende um programa socialista nestas eleições.

A falta de democracia não para no veto à participação nos debates. A desigualdade está também na divisão do tempo de TV. Enquanto Alckmin (PSDB) terá quase cinco minutos de TV, o MDB, de Temer e Meirelles, e o PT terão quase dois minutos cada. Já Vera, do PSTU, só seis segundos.

O que define tudo é a grana. A coligação de Alckmin vai receber R$ 800 milhões só do fundo eleitoral. O MDB e o PT, R$ 200 milhões cada. Isso não chega nem perto do que os candidatos vão gastar. Meirelles pode botar do próprio bolso R$ 70 milhões. Amoedo, do velho Partido Novo, tem um patrimônio de R$ 425 milhões e disse que vai torrar R$ 7 milhões do bolso. Bolsonaro é outro que não gasta pouco com robôs na internet, viagens e campanha apoiada por ruralistas, donos de redes de lojas, como Flávio Rocha da Riachuelo e o dono da Centauro.

A verdade é que as mudanças na legislação eleitoral foram feitas sob medida por este Congresso corrupto para manter no poder os mesmos que estão aí.

Enquanto temos desemprego recorde e precarização do trabalho, a maioria das candidaturas faz promessas vazias para o povo. Elas estão mesmo comprometidas com o mercado e com suas reformas contra a classe trabalhadora.

Não vamos mudar a vida com eleições de cartas marcadas. Menos ainda com uma nova ditadura. Só podemos mudar tudo que está aí com uma rebelião operária e popular, com um governo e uma democracia nossa, dos de baixo, em que possamos governar em conselhos populares.

A campanha do PSTU estará a serviço da organização dos de baixo e da construção desse projeto. Precisamos que você nos ajude nessa campanha.

50 tons de capitalismo dependente

Além de as eleições não servirem para um debate real entre os diferentes projetos para o país e imporem uma enorme desigualdade, a enorme maioria dos candidatos não diz toda a verdade sobre suas propostas para o povo.

Exceto Vera, do PSTU, todas as demais candidaturas apresentam propostas dentro dos limites do sistema capitalista e da atual localização do Brasil na divisão mundial do trabalho, imposta pelos monopólios internacionais e pelos países ricos, com os Estados Unidos à frente.

O Brasil está sendo recolonizado. Vem sofrendo uma desindustrialização relativa, especializando-se na exportação de produtos básicos de baixa tecnologia: produtos agrícolas, da indústria extrativa e energia. Em plena era da nanotecnologia, o Brasil é competitivo em produção de carne. Vende óleo cru e importa derivados. Vende ferro e importa trilho de trem.

De tudo o que o Brasil produz, 70% são controlados por empresas multinacionais que remetem boa parte do lucro que obtêm aqui para fora. Os grandes empresários brasileiros (donos de bancos, indústrias, redes de lojas, meios de comunicação e terras), 31 famílias bilionárias, são sócios-menores das multinacionais. Cada dia vivem mais de rendas dos altos juros da dívida pública.

A nossa classe trabalhadora recebe um dos salários mais baixos do mundo. Hoje, até na indústria nosso salário já é inferior ao da China. O país é a oitava economia do mundo, mas está em 175º lugar em desigualdade social. O saneamento não chega nem à metade da população. Sem falar na saúde e na educação que estão à míngua e cada vez mais privatizadas.

Os candidatos que estão aí, exceto Vera, não dizem como vão garantir emprego, melhores salários, educação e saúde públicas, gratuitas e de qualidade. Pelo contrário, dizem que vão investir mais em tudo isso. Porém nenhum deles diz que vai suspender o pagamento da dívida, que consome 40% do Orçamento, ou que vai proibir que as multinacionais remetam dinheiro para fora, muito menos que vão estatizar e colocar sob controle dos trabalhadores as principais empresas e colocar a economia para funcionar em prol da maioria.

Mesmo com diferenças entre si, os demais candidatos estão entre 50 tons de capitalismo e condicionados pelo sistema. Não terão margem para mudar nada de substancial para os de baixo. Pelo contrário, ao governar no sistema dos de cima, farão o que a crise capitalista exige para aumentar o lucro deles: explorar mais, tirar nossos direitos e entregar o país.

O Brasil precisa de um projeto socialista!