Idibal Piveta foi advogado de presos políticos na ditadura militar | Foto: Mauricio Garcia de Souza/Alesp
Zé Maria

Metalúrgico e presidente nacional do PSTU.

Zé Maria, presidente nacional do PSTU

Idibal Piveta era advogado, defensor dos Direitos Humanos, ser humano dos mais nobres que já conheci em toda a minha vida.

Quando eu fui preso pela primeira vez, na ditadura (1977), era um garoto, com muito pouca informação e recurso financeiro nenhum. Me indicaram o nome dele e fui até o seu escritório. A generosidade com que Piveta me acolheu, amparou e orientou foi algo que, para mim era inacreditável.

Até então eu não sabia que existiam seres humanos iguais e ele. Não sei se ele algum dia teve noção da importância que seu gesto, sua atitude comigo naquele momento foi importante para mim, para o resto da minha vida. Talvez não. Ele fazia as coisas com um desprendimento enorme, sem esperar nada em troca, nem reconhecimento. Para ele aquela era a sua obrigação, sua trincheira (junto com o teatro popular) na luta contra a ditadura e a barbárie capitalista.

Ele assumiu minha defesa e o fez de forma brilhante, como era a sua atuação defendendo presos políticos naquele período triste da história do nosso país. Nunca me cobrou um tostão. E desde então, toda vez que me enrosquei com a repressão da ditadura, lá estava o Piveta a postos.

Ele era avesso ao estrelismo, infelizmente tão comum nesse meio. Ao contrário, sua humildade era do mesmo tamanho, imenso, da sua capacidade como advogado.

Piveta foi também o Cezar Vieira, do grupo União e Olho Vivo, do teatro popular, outra paixão sua.

Infelizmente, pelas coisas da nossa vida e da nossa luta, convivi muito pouco com o Idibal, depois do fim da ditadura. Mas ele sempre teve um lugar reservado no meu coração, onde vou levá-lo comigo enquanto eu viver.

A humanidade fica um pouquinho menor agora sem Idibal Piveta, sem Cezar Vieira.

Idibal Piveta, presente!

Até o Socialismo, sempre!