Direção Nacional do PSTU

Lula venceu as eleições deste 2º turno. Em todo o país, os trabalhadores, a juventude e os setores oprimidos se sentem aliviados e comemoram, com razão, a derrota eleitoral de Bolsonaro.

Agora, nós, da classe trabalhadora, devemos nos manter atentos às movimentações de Bolsonaro para, caso não aceite o resultado das urnas, realizarmos mobilizações massivas e garantir, nas ruas, com paralisações e autodefesa, que a vontade do povo se imponha.

O PSTU chamou e fez campanha pelo voto crítico em Lula neste 2º turno para derrotar, nas eleições, Bolsonaro e seu projeto autoritário de ditadura. Vimos como o governo se utilizou, de forma inédita, da máquina estatal para se perpetuar no poder, assim como contou com assédios generalizados realizados por grande parte da patronal, com ameaças e intimidações. A própria Polícia Rodoviária Federal (PRF) foi mobilizada de forma absurda para realizar blitz e impedir ou dificultar o voto na oposição.

O voto do PSTU foi crítico, porque, apesar da importância de tirarmos Bolsonaro da Presidência, a alternativa representada por Lula-Alckmin em nossa opinião não derrotará de forma definitiva a extrema-direita, nem atenderá as necessidades da classe trabalhadora. É um alívio derrotarmos Bolsonaro nas urnas e, insistimos, devemos rechaçar qualquer tentativa de Bolsonaro contra a posse de Lula.

A ultradireita, porém, não se derrota apenas com eleição e pode se fortalecer mais se não mudarmos as condições que possibilitaram seu surgimento e ascenso, ou seja, o profundo retrocesso vivido pelo país nas últimas décadas, agravado pela crise, desemprego, fome, carestia.

Confiar na própria força da classe trabalhadora e organizar a luta pela base

Necessitamos nos organizar nas bases para derrotar de vez o bolsonarismo e exigir do novo governo as demandas da classe trabalhadora:

– Revogação das reformas trabalhista e previdenciária

– Acabar com a fome, realizando uma reforma agrária, que incentive o pequeno produtor rural e garanta alimentos a preço baixo com a estatização do agronegócio

– Garantir emprego, reduzindo a jornada de trabalho para 30 horas semanais, sem redução de salários

– Deter a destruição ambiental, com a demarcação das terras indígenas e contra o marco temporal

– Educação, saúde, moradia e serviços públicos, suspendendo o pagamento da dívida aos banqueiros.

– Revogação das privatizações, especialmente da Petrobrás

– Compromisso com a defesa de que se vá fundo nas investigações para descobrir quem matou Mariele Franco.

– E exigir do novo governo Investigação e punição exemplar dos crimes de Bolsonaro e sua família.

Devemos nos organizar para garantir as reivindicações da classe trabalhadora, sem depositar nenhuma confiança no governo Lula em aliança com bilionários.

Infelizmente, o novo governo Lula-Alckmin, de aliança com banqueiros, ruralistas, bilionários e seus partidos, apoiado pelos governos dos países ricos, como Biden dos EUA, que rapinam o país, acabará inevitavelmente atacando a classe trabalhadora. Pois o seu programa é de compromisso com o “ajuste fiscal” e administração do sistema capitalista, que vive para os lucros e a acumulação de capital dos bilionários. A aplicação desse programa vai levar, inevitavelmente, a agravar a degradação das condições de vida da classe trabalhadora e dos mais pobres ao invés de atender suas demandas; e a aprofundar a decadência e subordinação do país aos capitalistas internacionais.

Construir uma oposição de esquerda, de classe e socialista

É preciso avançar na construção e no fortalecimento de uma oposição de esquerda, da classe trabalhadora e socialista ao futuro governo de aliança com os patrões. A esquerda que integrar ou se mantiver como apêndice do governo estará cometendo um grave erro, pois, longe de combater a ultradireita, acabará ajudando a pavimentar o caminho para esta capitalizar a insatisfação popular.

O PSTU, assim como durante toda a campanha eleitoral, segue defendendo a necessidade de construirmos uma alternativa revolucionária e socialista, que aponte para uma real mudança da sociedade, colocando os trabalhadores e o povo pobre no poder.