Direção Nacional do PSTU
Poucas horas após anunciada a derrota de Bolsonaro no 2º turno destas eleições, militantes bolsonaristas começaram a obstruir rodovias país afora. No início da tarde desta terça-feira, 1, havia ainda 267 pontos de bloqueios em 23 estados, mesmo após o anúncio do desbloqueio de 421 focos.
Movendo caminhoneiros, especialmente das empresas e frotas do agronegócio que, junto com comerciantes, financiam as ações e essa militância de ultradireita, os bloqueios contestam o resultado das eleições e exigem intervenção militar para manter Bolsonaro no poder. Ou seja, golpe militar. O silêncio do presidente derrotado é um sinal verde para as ações em prol das ameaças golpistas do bolsonarismo.
Inúmeros vídeos que circulam pelas redes sociais mostram a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e policiais militares não só não reprimindo o bloqueio de estradas, mas se confraternizando e, em alguns casos, até insuflando os manifestantes a permanecerem mobilizados. As poucas desobstruções que ocorreram até o momento, como do acesso ao aeroporto Guarulhos, foram realizadas pela Guarda Municipal.
Isso ocorre mesmo após o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, ter determinado a imediata ação da PRF para o fim dos bloqueios, sob pena de multa e até prisão em flagrante do diretor-geral da instituição, o bolsonarista Silvinei Vasques. É a segunda ameaça de prisão de Vasques em menos de 48h, já que no domingo, em plena eleição, o diretor foi instado a parar as operações que impediam ou atrasavam a chegada de eleitores nos locais de votação, sobretudo no Nordeste.
Provocação golpista
Não restam dúvidas que, longe de ações espontâneas ou sem líderes como querem fazer parecer, tratam-se de manifestações e de ameaças golpistas orquestradas.
Não há condições ou correlação de forças para que Bolsonaro imponha um golpe neste momento, não reconhecer sua derrota nas urnas e impedir a posse de Lula. Mas ele quer manter e aprofundar o questionamento do resultado eleitoral, e seguir organizando e mobilizando ameaças golpistas. Além do objetivo de demonstrar força e o apoio em setores armados militares (como parte da PRF, PM e mesmo as Forças Armadas), e paramilitares.
Diante disso, a posição do PT, de ignorar e, no máximo, cobrar das instituições um posicionamento, ajuda a levar água no moinho do bolsonarismo. A atuação criminosa da PRF de Vasques no domingo das eleições, atentando contra a liberdade democrática de votar, e agora bloqueando estradas, com ameaças de lockout contra o reconhecimento do resultado eleitoral, abrem um grave precedente, e são um sinal verde para seguir com ameaças e possibilidade de preparação de ações golpistas no futuro.
Não se pode fiar e deixar meramente nas mãos da institucionalidade burguesa dar um fim a tais ameaças e coibi-la. Basta ver que o chefe da PRF, que não obedeceu ao TSE no domingo, continuou ajudando os bolsonaristas a bloquearem estradas e segue livre e solto.
É necessário mobilizar e organizar a classe operária, trabalhadora e os setores populares. É necessário que as organizações operárias e populares organizem a reação a esta ação de bloqueio de estradas, mas não só, precisamos estar organizados e preparados para, através da autodefesa, impedir novas ameaças e derrotá-las.
Estão corretos a CSP-Conlutas e os sindicatos e movimentos ligados a ela, e outros setores que anunciam iniciativas, convocando reunião unificada dos movimentos nas regiões para reagir a essa provocação.
Prisão já dos comandantes bolsonaristas golpistas
O diretor-geral da PRF deve ser preso imediatamente, assim como os comandos das forças de segurança pública que demonstraram apoio aos atos golpistas.
Da mesma forma, deve-se exigir investigação e punição exemplar de Bolsonaro e sua família tanto em relação às denúncias criminais que pesam sobre os mesmos; como sobre sua participação nessa ação orquestrada.
Às ruas: mobilização e autodefesa contra a ultradireita
A ação dos trabalhadores dos estaleiros da Brasfels, que desinterditaram à força a BR Rio-Santos é, assim, um verdadeiro exemplo de como devem atuar a classe trabalhadora e o povo pobre diante dessas manifestações contra o resultado eleitoral e em defesa de uma ditadura militar. Assim como a população de comunidades que, da mesma forma, destruíram barricadas bolsonaristas.
É preciso ir às ruas e avançar na organização, mobilização e autodefesa da classe e do povo pobre. Tanto para garantir a saída em definitivo de Bolsonaro, debelando os bloqueios e manifestações por golpe militar onde for possível, como para se preparar para futuros embates contra a ultradireita.