Boró foi um dos fundadores da Convergência Socialista em Pernambuco
PSTU-PE

Joaquim Magalhães, do Recife (PE)

Saído de sua tribo
Se transforma em professor
Retorna ao chão, esse vínculo,
Continua pelo ar o seu grito:
Igualdade para o seu povo
(Mariano Macedo)

Nascido no Recife, recebeu o nome no cartório de Antônio de Sousa Monteiro Filho, por pertencer a etnia Fulni-ô, que é o único povo indígena do Nordeste que ainda fala uma língua indígena, chamada de Yaathe (iatê)”, foi rebatizado com o nome de Boró.

Com muita dificuldade estudou nas escolas públicas e conseguiu se graduar em Educação Física na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) em plena ditadura militar. Em contato com a vanguarda cultural e política do final da década de 1970, que se formou nos enfrentamentos com a ditadura militar, Boró aproximou-se da luta sindical dos professores, do movimento pró-PT e da Convergência Socialista. No início dos anos 1980 foi preso juntamente com a direção e outros militantes da Convergência socialista (Edson, Silas e Joaquim).

Boró e Maria Celeste passaram a ser as principais referências políticas e sindicais da Convergência Socialista em Pernambuco. Foi o primeiro presidente do PT de Olinda, com apoio militante a partir de um núcleo socialista formado por Boró, Guilherme Fonseca, Fernanda Coelho, Gilson Pai, Joaquim Magalhães, Ferro Véi, Dionisio, Demerval e outros operários o que tornou possível apresentar candidaturas trotskistas para deputado federal (Demerval Nascimento), Estadual (Joaquim Magalhaes) e vereadores em Olinda (Boró) e Jaboatão (Guilherme), Prefeito de Olinda (José Dionisio) e vice prefeito (Ferro véio), que fizeram uma campanha organizada e voltada para as lutas sindicais de pedreiros, trabalhadores de transportes, professores entre outras categorias em luta.

Posteriormente, afastou-se da convergência e aproximou-se cada vez mais do PT e, posteriormente, do PDT com aproximação do grupo de Francisco Julião. Boró nunca se afastou de suas raízes como pertencente a etnia Fulni-ô, mas a partir dos anos 1990 passou a dedicar mais a causa indígena, dando palestra nas escolas públicas municipais e estaduais, particularmente em Olinda e Recife. Também nesse período foi da direção do Sindicato dos Professores de Pernambuco (SINPRO-PE).

Após a sua apresentação e participação em dezenas de palestras, trabalhos escritos, áudio e vídeos e outros tipos de participação, ele foi inscrito no “Prêmio de Salvaguarda de Mestres dos Saberes”, que ele ganhou. Depois do prêmio, que ele ganhou de forma justa, passou a ser apresentado nas suas palestras como “Mestres dos Saberes” da causa Fulni-ô e da causa indígena. Há alguns anos, Boró teve um AVC e ficou com a saúde fragilizada. Na noite de 31 de maio o coração de Boró parou de bater. Após essa triste noticia, os seus funerais foram preparados pela família, pelos amigos e pela etnia Fulni-ô.

No dia 1 de junho de 2023, no cemitério Morada da Paz, foram realizados os seus funerais e foi homenageado por sua etnia como um grande chefe guerreiro e mestre dos saberes da causa indígena e da humanidade. Após essa bela cerimônia foi feita a sua cremação.

Todos os lutadores antiditadura e pela causa socialista também fazemos a nossa homenagem ao “Mestre dos Saberes” da causa indígena e também, a um dos pioneiros na construção de uma corrente socialista no estado de Pernambuco e combatente da causa dos trabalhadores e das causas dos povos pré-colombianas na américa latina.

Ao Mestre dos Saberes – Boró, por uma sociedade sem exploração e sem opressão!!

Boró – presente!!