Dirceu Travesso, o Didi, dedicou toda a sua vida a um projeto coletivo, internacionalista, socialista e revolucionário | Foto: Arquivo PSTU
Direção Nacional do PSTU

Direção Nacional do PSTU

Dirceu Travesso, o Didi, será um dos homenageados no Dia de Luta Operária, dia 9 de julho, em ato político em São Paulo e o PSTU agradece aos organizadores do ato essa homenagem.

Didi, que faleceu no dia 16 de setembro de 2014, vítima de um câncer, era um camarada socialista, revolucionário e internacionalista extraordinário. Quem teve o privilégio de atuar ao lado de Dirceu Travesso em algum momento sabe que, quando falamos que ele se destacava, que era extraordinário, não estamos proferindo clichês ou palavras em vão.

Didi era um camarada de muita coragem, de muita convicção e de grande capacidade política, de formulação estratégica e tática. Uma liderança de importantes lutas, que conduzia com muita firmeza; mas também alguém que via longe, que nunca desconectava o imediato do mediato, o cotidiano do histórico, de forma concreta. Não era o homem das lutas e do socialismo em abstrato, mas sim o que procura sempre a conexão entre a luta cotidiana, as denúncias políticas e o objetivo estratégico do socialismo. O que busca os fios que possibilitam essa conexão entre o espontâneo e o consciente, entre o que é e o que pode vir a ser. Tinha um raciocínio extremamente dialético e uma vivacidade enorme, cada faísca ou estopim que surgisse na luta de classes em que vislumbrasse a oportunidade de combater o sistema, de avançar na democracia operária, na organização da classe trabalhadora e na conexão e pontes com a estratégia do socialismo e o internacionalismo proletário. Ele agarrava com energia, decisão e toda movimentação que se fizesse necessária.

Uma mente inquieta estava sempre pensando a possibilidade da revolução, do socialismo, as contradições da realidade e as necessidades de atualização do programa e das respostas.

Construía o partido revolucionário no Brasil e no mundo com alegria, iniciativa, intervenção nas lutas cotidianas ou rebeliões e também sabia fazer muita propaganda. Era um grande amigo e companheiro também nas demais dimensões da vida, nas festas, no futebol, nas comemorações.

Sabia fazer sindicalismo, mas não era apenas sindicalista, era revolucionário e socialista. Conseguia ter o respeito e a amizade de dirigentes das mais diversas organizações, e realizar diversos acordos e negociações necessárias, sem, no entanto, transigir nos princípios, nos posicionamentos políticos, programáticos ou de organização.

Claro! Era humano. Tinha seus defeitos e erros como todo mundo e sabia disso. Mas tinha também uma grande generosidade, capacidade de autocrítica e uma moral revolucionária inatacável. Os setores oprimidos tinham em Didi um aliado permanente, e, quando ele mesmo pisava na bola, reconhecia.

Uma figura que dedicou toda a sua vida a um projeto coletivo. A ideologia individualista imposta pelo capital leva a que as pessoas dediquem suas vidas a conseguir um cargo, um apartamento, um automóvel. Mas, camaradas militantes como Didi, conseguem dar um sentido para suas vidas, por ter vivido uma grande luta por mudar o mundo.

Na saudação gravada por Trotsky para a conferência de fundação da IV Internacional, ele dizia:

Sim, nosso partido nos toma por inteiro. Mas em compensação no dá a maior das felicidades, a consciência de participar na construção de um futuro melhor, de levar sobre nossos ombros uma partícula do destino da humanidade e de não viver em vão.”

Quantos que dedicam suas vidas a comprar coisas, conseguir cargos, podem olhar para trás ao se aproximar da morte e sentir orgulho do que fizeram? Didi pode, e isso lhe dava a serenidade e a coragem com que encarou a sentença de morte do câncer. Ajudou a construir o PSTU, a LIT,  a CSP-Conlutas, a Rede Internacional de Solidariedade. Ao ser parte dessa luta coletiva, tinha também a consciência de que não viveu em vão.

A militância

Ele começou a militar em 1977 na Universidade Federal de São Carlos. Foi líder estudantil nas mobilizações do final da ditadura, sendo enquadrado na Lei de Segurança Nacional. Trabalhou em fábrica em Volta Redonda, centro de resistência proletária. Tornou-se bancário. Foi dirigente das grandes greves bancárias da década de 1980 e também das lutas dos 1990 e a partir dos anos 2000. Foi da direção nacional da Convergência Socialista e também do PSTU, do qual foi um dos fundadores. Foi candidato pelo partido na cidade e no estado de São Paulo, diversas vezes. Foi da Executiva da CUT e diretor do Sindicato dos Bancários de São Paulo, foi fundador da CSP-Conlutas.

Conseguiu nesses anos a admiração de gerações de lutadores, e o respeito de seus adversários. Não foi por acaso que o ato de sua despedida foi na quadra do Sindicato dos Bancários de São Paulo, com a presença do Comando de Greve Nacional dos Bancários e do Comando de Greve da USP que pararam suas reuniões para se despedirem de Didi. Da mesma forma, além do PSTU e das lideranças da CSP-Conlutas, se fizeram presentes representantes de praticamente todas as principais organizações sindicais, populares e partidos da esquerda brasileira

Didi foi um internacionalista militante. Foi parte central de suas atividades o internacionalismo proletário. Inclusive nos últimos anos, já muito doente, esteve na Praça Tahrir do Egito, na Palestina ocupada, nas marchas dos Indignados da Espanha e em tantos outros conflitos. Foi o idealizador e um dos principais organizadores do Encontro do Sindicalismo Alternativo que reuniu dezenas de organizações sindicais dos estados europeus, da América, África, Oriente Médio e Ásia de cerca de 30 países em março de 2013 na França e organizador da Rede Internacional de Solidariedade.

Não é por acaso que em sua despedida foram lidas mensagens emocionadas de muitos países do mundo.

O PSTU tem orgulho e agradece a homenagem e o reconhecimento de Didi e da sua contribuição à luta do movimento operário.

A iniciativa, de homenagem a diversos lutadores, entre eles Didi, é das centrais sindicais CSB, CTB, Intersindical, Força Sindical, NCST, UGT, PÚBLICA, CSP-Conlutas  e do mandato do  deputado estadual Donato(PT). O objetivo é dar destaque aos lutadores que contribuíram na defesa dos direitos da classe e com a luta do movimento operário.

O evento será realizado na cidade de São Paulo, às 9h, na Alameda Prado, 474 – Campos Elísios, rememorando o 9 de julho dos trabalhadores, um dia de luta para o movimento operário.

Didi, presente!