Ocupação do Pinheirinho, em São José dos Campos, foi exemplo de organização
Redação

Acontece hoje, dia 6, às 17h, via Google Meet, a reunião de preparação do ato que irá marcar os 10 anos da desocupação do Pinheirinho. A reunião está sendo convocada pelo PSTU e pelo Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região (CSP-Conlutas), duas organizações que estiveram lado a lado com as famílias sem-teto desde o início da ocupação.

O ato será realizado no próximo dia 22, às 10 horas, em frente ao terreno da antiga ocupação, na zona sul da cidade. A histórica desocupação do Pinheirinho, se deu através de uma mega operação com milhares de policiais, cães, helicópteros, bombas de gás lacrimogêneo, gás pimenta, balas de borracha e também letais, foram usadas contra idosos, mulheres e crianças. Tudo foi destruído. Houve graves violações dos direitos humanos, inclusive com denúncias de estupro, em processos que correm na justiça até hoje.

Toda essa brutalidade foi cometida com o aval do então governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, do então prefeito de São José dos Campos, Eduardo Cury (PSDB). A violência da desocupação chocou o país.

O ato contará com a participação de sindicatos, movimentos sociais, artistas e partidos. “Será um ato unitário para marcar uma das maiores lutas por moradia no país e que sofreu um despejo violento e cruel há 10 anos. Esperamos a participação de todas e todos que viveram essa história”, afirma Toninho Ferreira, presidente do PSTU e advogado que atuou junto às famílias desde o início da ocupação, em 2004.

Segundo Toninho, o objetivo do ato é relembrar um dos fatos mais marcantes da história de São José e da luta moradia no Brasil, e reforçar que as reivindicações por reparação às famílias e pela desapropriação do terreno ainda seguem válidas.

“Durante oito anos, as 1.800 famílias do Pinheirinho deram uma função social ao terreno de mais de 1 milhão de metros quadrados. Hoje, quem passa em frente, vê com tristeza que a área novamente está abandonada, sem função social e voltou a servir apenas para a especulação imobiliária de uma massa falida que não nunca pagou impostos”, denuncia Toninho.

Por isso, não vamos esquecer. Seguiremos lutando por reparação às famílias violentadas e reivindicando a desapropriação do terreno para que seja destinado à moradia popular”, afirma o presidente do PSTU de São José dos Campos.

Weller Gonçalves, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e região, destaca que é preciso relembrar os 10 anos da desocupação para que nunca mais se repita tamanha crueldade.

A desocupação do Pinheirinho teve repercussão internacional em razão da crueldade e da violência empregadas e das ilegalidades de todo o processo. E essa ação teve seus responsáveis, principalmente o PSDB, que governava o estado, com Geraldo Alckmin, e a cidade, com Eduardo Cury, e um setor do Judiciário, que agiram para favorecer Naji Nahas, um notório criminoso do colarinho branco. Não esqueceremos”, destaca Weller.