Redação

No 1º turno das eleições, o PSTU e o Polo Socialista e Revolucionário apresentaram uma alternativa de independência de classe, que defendeu que os trabalhadores e trabalhadoras não poderiam ficar reféns de candidaturas da direita ou de conciliação, junto com grandes empresários, banqueiros e o agronegócio.

Pelo contrário, nossas candidaturas, tanto de Vera e Raquel à presidência, quanto as estaduais, realizaram uma heroica campanha, defendendo o fortalecimento da organização e da mobilização dos trabalhadores, através de um programa que inclui a expropriação dos bilionários e a estratégia de um governo socialista dos trabalhadores e do povo pobre.

Agora, no 2º turno, quando não podemos apresentar uma candidatura independente, o PSTU defende o voto crítico em Lula para derrotar Bolsonaro nas eleições. Por que um voto em Lula e por que um voto crítico?

Porque Bolsonaro tem um projeto autoritário e ameaça as liberdades democráticas. Continuar à frente do aparelho do Estado é um caminho aberto que, conjunturalmente, lhe facilitaria avançar em uma mudança reacionária e bonapartista do regime. Por isso, no 2º turno, o PSTU estará em campanha, ao lado dos trabalhadores, contra Bolsonaro, chamando um voto crítico, pois sabemos que o bolsonarismo só será derrotado com mobilização, autodefesa e outro projeto para o país.

Chamamos, então, o voto crítico em Lula e ajudaremos na derrota eleitoral de Bolsonaro. Mas alertamos que não devemos depositar confiança num futuro governo Lula, nem ter ilusões de que apenas a derrota eleitoral de Bolsonaro acabará com o bolsonarismo. Pelo contrário, ele não apenas continuará existindo, como poderá ser ainda mais forte, lá na frente, se não avançarmos na mobilização, consciência, organização e autodefesa da classe, assim como na construção de uma alternativa socialista e revolucionária.

Derrotar Bolsonaro nas eleições o enfraquece e o atrasa, por ora. Mas as condições econômicas e sociais que permitem seu fortalecimento não serão mudadas por um governo com um programa liberal-burguês e de aliança com a patronal, como propõe o PT. Precisamos, portanto, construir a mobilização e a autodefesa, por um lado, e, dentro disto, um projeto socialista e revolucionário.

DERROTAR A ULTRADIREITA

Bolsonaro nunca mais

O resultado do 1º turno foi um balde de água fria para a campanha de Lula, que tinha uma forte expectativa de já fechar a fatura ali. Apesar de vencer Bolsonaro, com uma diferença relativamente expressiva de seis milhões de votos, o resultado final, de 48% contra 43%, foi bem mais apertado do que apontavam os institutos de pesquisas.

Seja por um erro metodológico, seja por um movimento de arranque nos momentos finais da campanha, esse resultado, aliado às vitórias para o Senado e governos estaduais, representa um avanço da ultradireita, que toma o espaço do “centro” e da direita tradicional, e uma consolidação do bolsonarismo.

Isso reforça a análise de que a ultradireita não é um fenômeno episódico, mas veio para ficar. É um processo que emerge da crise capitalista e da degradação e retrocesso do país. Reafirma, ainda, que o bolsonarismo e a extrema-direita não podem ser combatidos somente através de eleições. O PSTU foi uma das primeiras organizações a levantar o “Fora Bolsonaro e Mourão” e defender a derrubada desse governo nas ruas. Os partidos e organizações majoritárias que atuam na classe trabalhadora, com o PT à frente, porém, preferiram puxar o freio das mobilizações, que vinham numa crescente, e apostar tudo nas eleições. Esse é o caminho mais curto para a derrota.

DITADURA

Bolsonaro ameaça fechamento do regime

Não contente em ser responsável por centenas de milhares de mortes durante a pandemia, a destruição ambiental, a intensificação das ideologias e da violência machista, racistas, LGBTIfóbicas e xenófobas, a ofensiva contra os povos originários, além da volta do país ao Mapa da Fome, do desemprego em massa e da carestia, Bolsonaro tem escalado em suas ameaças autoritárias.

Foram sucessivas ameaças de não aceitar um resultado eleitoral que não lhe fosse favorável, a ponto de colocar o Exército no papel de fiscalizador da votação, numa capitulação vergonhosa do Judiciário. Agora, além da continuidade da ameaça de rechaço a um resultado desfavorável no 2º turno, Bolsonaro e aliados já explicitam seu projeto de fechamento do regime no próximo período, caso eleitos.

O vice-presidente e senador eleito pelo Rio Grande do Sul, Hamilton Mourão, e o atual líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), divulgaram o projeto de aumentar o número de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Bolsonaro se limitou a dizer que a ideia será discutida “após as eleições”.

Na verdade, contudo, o projeto é do governo e é simples: aumentar o número de ministros dos atuais 11 para 16 e, assim, ter maioria na Corte. Desta forma, além do Executivo e do Parlamento, o bolsonarismo passaria a ter controle do Judiciário, impondo uma autocracia por dentro do regime, a exemplo de países como a Hungria, a Turquia ou a própria Venezuela.

Não defendemos essa atual “ricocracia”, que é, na prática, uma ditadura dos bilionários, banqueiros e grandes empresas, utilizada para impor suas vontades e perpetuar a exploração e a opressão. As próprias eleições são um exemplo disso. Basta lembrar que nossa candidatura foi explicitamente invisibilizada e boicotada. Mas, tampouco, nos é indiferente se mantemos as atuais liberdades democráticas, ainda que restritas, ou se vamos a um fechamento do regime e à eliminação da possibilidade de nos organizarmos e lutarmos.

É preciso alertar a classe trabalhadora, o povo pobre e os setores oprimidos sobre a ameaça do bolsonarismo às liberdades democráticas e a necessidade de combatê-lo. E, principalmente, que isso só se dá através da mobilização e da organização da autodefesa da classe, tanto contra a ofensiva do governo neste sentido, como contra os ataques e intimidações por parte de setores da ultradireita.

Apostar as fichas nas eleições, ou nas instituições desse mesmo regime democrático-burguês, como o STF, já se demonstrou um erro. As eleições são só um momento desta luta, que só deve mesmo se definida nas ruas, seja quem for eleito no 2º turno.

VOTAR 13

Derrotar Bolsonaro, mas nenhuma confiança num governo Lula-Alckmin

Se, antes, Lula-Alckmin já indicavam um governo de continuidade dos ataques à classe trabalhadora, no 2º turno, com a entrada em cena de nomes como Pérsio Arida, Lara Resende, Armínio Fraga e o próprio FHC (ou seja, toda a turma responsável pelo desmonte neoliberal durante os governos tucanos), isso ficou ainda mais evidente.

Além de não tocar na Reforma Trabalhista, a atual coalizão em torno de Lula já indicou que não mexerá no Teto de Gastos e sinalizou uma Reforma Administrativa no setor público, nos mesmos moldes que o atual governo vem tentando impor. E, se não bastasse, anunciou uma “Carta Compromisso aos Evangélicos”, que, dentre seus pontos, afirma que se eleito, não irá “enviar ao Congresso leis, nem alterar qualquer norma que envolva valores cristãos, da família e da vida”, antecipando péssimas notícias para mulheres, negros e negras e LGBTIs.

Se os 14 anos de governos de conciliação do PT não resolveram a fundo os problemas da classe trabalhadora, como o emprego ou nem mesmo o saneamento básico, um futuro governo Lula-Alckmin, ainda mais num contexto de crise do capitalismo, indica um governo ainda mais à direita. Por isso, temos que organizar, desde já, a classe para avançar na mobilização por emprego, direitos, salário, terra e moradia. E contra todos os ataques que o futuro governo fará junto aos patrões.

A luta por nossas reivindicações não é só o único meio para mudarmos as condições de vida da classe trabalhadora e da maioria da população. É a única forma de se derrotar, para valer, o bolsonarismo e a ultradireita, que estarão à espreita, armados e organizados, só esperando o inevitável desgaste e desmoralização do futuro governo, para voltarem com tudo. Seja do jeito que for.

VAMOS À LUTA

Organizar a luta por emprego, salário, terra e direitos

Devemos organizar a luta e exigir a revogação imediata das reformas Trabalhista e Previdenciária, o que um governo Lula-Alckmin não vai querer fazer.

Devemos exigir a redução da jornada de trabalho sem redução do salário, a garantia de pleno emprego com direitos e carteira para todos (incluindo trabalhadores de aplicativos) e o aumento geral de salários frente à carestia.

Devemos exigir a Petrobras 100% estatal, sob controle dos trabalhadores, e a reestatização de empresas privatizadas, como Vale, CSN e outras. Para garantir a soberania, é preciso parar a entrega do país e, também, defender o meio ambiente.

É preciso exigir, ainda, a demarcação das terras indígenas, contra o Marco Temporal, e a reforma agrária e o apoio à agricultura familiar, contra o agronegócio. Como também, a reparação para o povo negro e garantia de direitos das mulheres e LGBTIs, além do fim da violência contra estes setores.

Por educação, saúde, moradia e serviços públicos de qualidade, precisamos acabar com a Lei de Responsabilidade Fiscal, substituindo-a por uma Lei de Responsabilidade Social, suspendendo o pagamento da dívida aos banqueiros.

E sabemos que, para acabar, de fato, com a fome, o desemprego, a precarização e a carestia, é preciso atacar o lucro e as grandes propriedades, expropriando os bilionários e as 100 maiores empresas que, hoje, controlam mais da metade da economia do país.

VENHA COM A GENTE

Fortalecer uma alternativa socialista e revolucionária

É necessário avançar na organização da classe tanto para enfrentar um eventual governo Lula, como para derrotar a ultradireita. E nessa luta, ajudar a construir e fortalecer uma alternativa revolucionária e socialista. A extrema-direita cresce como subproduto dessa crise do capitalismo e, também, sobretudo, pela decepção com os governos que se dizem de esquerda, mas que fazem, na prática, um governo liberal e defendem essa ricocracia corrupta.

Precisamos de um governo socialista dos trabalhadores, onde a classe, junto com o povo pobre, governe através de conselhos populares. Venha construir com a gente um partido revolucionário, para lutar por esse projeto.