Secretaria Nacional LGBT

No Dia Nacional da Visibilidade Lesbica lançamos o especial “Romper com a invisibilidade na luta pelo socialismo” com 6 artigos que retratam a situação invisível das mulheres lésbicas e bissexuais e apontam os desafios da nossa luta. Confira as matérias!

Vidas LGBTs importam!

Lutar pela nossa visibilidade é imprescindível nessa sociedade que nega aos oprimidos a igualdade de oportunidade e nos torna ainda mais vulneráveis as consequências da pandemia. O descaso com nossas vidas e a política criminosa dos governos sentenciou a morte centenas de milhares em todo o mundo e aprofundou a barbárie social, a pobreza e a violência que os setores mais oprimidos e explorados da classe trabalhadora já enfrentavam antes da pandemia. Para Bolsonaro, Mourão, Damares e toda sua corja, as vidas LGBTs nunca importaram, assim como não se importam com os feminicidios e o genocídio dos negros nas periferias.

Não é a toa que o levante nos EUA contra o assassinato de George Floyd questiona essa falsa democracia e os governos de ultradireita. Trump está com sua reeleição ameaçada devido a força das mobilizações antirracistas, e Bolsonaro tem menor popularidade entre as LGBTs, mulheres, negros e quilombolas.

Os governos capitalistas se apoiam na LGBTfobia, no machismo e no racismo para superexplorar e dividir nossa classe, mas se chocam com aquelas e aqueles cuja própria existência já é uma resistência. Como nos conta Rosirene, mulher lésbica, negra e trabalhadora, entrevistada no Especial.

O sistema que nos invisibiliza como mulheres e homoafetivas é o mesmo que se aproveita da lesbofobia para superexplorar nossa classe

O capitalismo aniquila nossas individualidades, invisibiliza nossa sexualidade e transforma todas as pessoas em coisas desumanizadas. Ao mesmo tempo em que banaliza nossas necessidades especificas como mulheres e lésbicas, transforma essas diferenças em desigualdades, para nos impor condições inferiores, nos negar os direitos sociais, nos marginalizar do acesso aos serviços básicos, nos submeter aos piores e mais precários empregos.

Esse mecanismo que mantém e reproduz a lesbofobia está a serviço de intensificar a exploração do conjunto da nossa classe. No artigo “Um alerta pelo fim do lesbocídio” denunciamos como o capitalismo e seus governos tratam com descaso a epidemia de violência entre as lesbicas e bissexuais. E no artigo “Combater a objetificação, a indústria pornográfica e a violência sexual” mostramos como a indústria pornográfica nos retrata como objeto sexual e nos transforma em objeto de fetiche e ódio [artigo indústria pornográfica]. As lésbicas jovens sofrem de maneira distinta, como desenvolve o artigo “As Jovens lésbicas e bissexuais na luta pela visibilidade”.

Na luta forjamos nossa história e rompemos a invisibilidade

Na década de 80, as LGBTs fizeram muitos protestos contra a violência policial enfrentada diariamente, como na chamada “operação sapatão” e “operação limpeza” em São Paulo, nas quais o governo e a polícia queriam “limpar as ruas” da presença das LGBTs.

Nesse contexto, ocorreu a Revolta do Ferro´s Bar, em 1983, onde mulheres lésbicas e bissexuais protestaram contra a proibição de entrarem no Ferro’s e venderem o boletim Chanacomchana, que era produzido pelo GALF (grupo de ação lésbico feminista). O que estava colocado em questão não era apenas o direito a frequentar um determinado espaço, mas de não precisarem se esconder, a expressar livremente sua afetividade. No artigo “A ocupação do Ferro’s Bar e a luta pela vida e por direitos” em que contamos essa história.

De lá pra cá, as mulheres lesbicas não param de lutar!

Todas as conquistas que obtivemos, como a inclusão do debate sobre identidade de gênero e sexualidade na sociedade, leis específicas sobre adoção e nome social, a criminalização da LGBTfobia, etc, foram arrancadas com muita luta, e sabemos que se depender dos “de cima” esses pequenos avanços podem retroceder a qualquer momento.

Exemplo disso é o debate de educação sexual nas escolas, que está sendo permanentemente atacado por Bolsonaro e os setores mais reacionários. Sobre esse tema leia o artigo “Visibilidade lésbica, bissexual e a luta em defesa da educação sexual”.

A luta dos setores oprimidos por direitos sempre estarão limitadas pelo descaso dos governos com nossas vidas e a manutenção do poder dos grandes empresários e banqueiros. Os capitalistas e os governos que administram seus negócios, seja os da direita ou ditos de “esquerda”, se utilizam da opressão para massacrar as lésbicas e bissexuais e manter seus lucros e privilégios. Por isso, nossa vitoria definitiva contra o preconceito e a invisibilidade depende de nos auto-organizarmos, com a classe trabalhadora à frente, para acabar de vez com o domínio dos capitalistas e construir uma sociedade socialista onde possamos vivenciar livremente nossa sexualidade e conquistar a igualdade plena de direitos.