Geraldo Rodrigues, de São Paulo (SP)

É preciso entender a importância desta greve no cenário nacional. O Governo Federal quer enxugar a folha de pagamento das estatais para torná-las mais baratas para as privatizações. A greve dos trabalhadores dos Correios começou no dia 20 de setembro, forte em todo o país, mesmo enfrentando a dureza do governo, da direção da ECT e do TST.

São 34 sindicatos em greve. Avaliamos que mais de 70% da área operacional está parada. A empresa tem usado todo tipo de terrorismo contra os trabalhadores, desde os descontos dos dias na folha de pagamento de outubro a outros ataques. A direção da empresa tem recebido apoio visível do TST e do governo para fazer terror na categoria. O ministro Emanuel Pereira, vice-presidente do TST, a pedido da ECT, deu uma liminar de abusividade da greve que achamos absurda.

A pauta da categoria foi protocolada em 27 de julho, e as negociações que estavam previstas para começar dia 8 de agosto só começaram mesmo dia 12 de setembro, só depois da categoria se mobilizar várias vezes. A categoria reivindica reposição de 8% mais R$ 300,00 linear; ticket de R$ 45,00; vale-cesta de R$ 440,00; 10% nos demais benefícios e vale-peru.

A Federação Nacional dos Trabalhadores dos Correios (FENTECT) entrou com uma liminar questionando a competência do ministro em proferir tal decisão de forma monocrática, uma vez que a vice-presidência do TST tem caráter conciliatório, segundo o próprio regimento interno do tribunal. A liminar foi proferida desrespeitando etapas processuais obrigatórias, sem ouvir as partes, ferindo o direito constitucional de ampla defesa e contraditório, sem falar que “tal” decisão só poderia ser tomada de forma colegiada, pela turma da Seção de Dissídios Coletivos do TST.

Reforma trabalhista
Os trabalhadores dos Correios são a primeira categoria nacional em campanha salarial após a aprovação da reforma trabalhista. A direção da empresa, seguindo as orientações do governo, tentou prorrogar o Acordo Coletivo até 31 de dezembro, pois isso passaria a discutir o ACT já com a homologação da reforma, ficando mais fácil atacar direitos e benefícios conquistados ao longo destes anos de luta. Mas a categoria não aceitou essa manobra e decretou greve no último dia 19 em toda a base da FENTECT.

Papel da CTB/Findect
A unidade da categoria nesta campanha salarial era o desejo de todos os trabalhadores dos Correios, mas infelizmente os sindicatos filiados à Findect (Federação interestadual filiada à CTB), que tem como presidente José Aparecido Gimenes Gandara, filiado ao PMDB, não quiseram entender este momento e necessidade, e passaram a fazer o jogo da empresa e do TST. Entre os sindicatos dirigidos pela Findect estão o de São Paulo e Rio de Janeiro.

Os representantes da Findect, através de Gandara, chegaram a afirmar que a proposta de prorrogar o acordo até 31 de dezembro era uma proposta boa. Felizmente, os trabalhadores da base destes sindicatos reagiram e não aceitaram isso, o que obrigou eles chamarem assembleias que, por unanimidade, aprovaram entrar na greve nacional da categoria dia 26 de setembro, reforçando a greve nacional da categoria.