Redação

Bolsonaro e Paulo Guedes querem privatizar a Empresa de Correios e Telégrafos (ECT). O plano é se desfazer de 100% do capital da estatal, conforme explicou o Secretário Especial de Desestatização, Desinvestimento e Mercados do Ministério da Economia, Diogo Mac Cord, em entrevista ao jornal O Globo, no dia 8 de julho.

O Projeto de Lei 591, que privatiza os Correios, porém, precisa ser votada no Congresso Nacional. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou que a votação deve ocorrer “entre a segunda quinzena de julho e a primeira de agosto”.

Desde o período eleitoral, Bolsonaro vem defendendo a privatização e faz uma intensa campanha, mentirosa, dizendo que os serviços prestados pela estatal não são de qualidade e que a empresa dá prejuízo. O objetivo é entregar a ECT às multinacionais, que anseiam pela privatização, pois sabem que os Correios é uma empresa extremamente lucrativa.

Só em 2020, a empresa lucrou R$ 1,53 bilhão – o que representa um crescimento de 1.400% em relação ao ano anterior. Em 2017, a estatal lucrou R$ 667 milhões; em 2018, foram R$ 161 milhões; em 2019 foram R$ 102 milhões.

Além disso, os Correios estão presente em todos 5.570 municípios brasileiros. Além da entrega de correspondência e produtos, prestam vários serviços em suas agências. A prova do Enem não é realizada sem a ajuda dos Correios e sua logística de entrega. Os livros do programa do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) chegam às escolas de todo o país pelos Correios, que também garantem a entrega das urnas nas eleições e realizam pagamento das aposentadorias onde não há sistema bancário.

Além disso, a estatal tem tido um papel fundamental na logística do combate à pandemia, transportando e distribuindo as amostras de vírus, medicamentos e testes clínicos entre os laboratórios e universidades. Até vacinas contra o Covid-19 são transportadas pela empresa. Quem é que vai distribuir vacinas e remédios para locais remotos caso os Correios forem privatizados?  Uma multinacional que só pensa no lucro vai manter esses serviços sociais? Essas empresas privadas interessadas na privatização da estatal querem mesmo é abocanhar os negócios mais lucrativos. Por isso, vão abandonar qualquer prestação de serviço que não dê dinheiro, deixando a população na mão.

A única preocupação deles é com lucro. É como faturar com serviço de encomendas que vem ampliando o mercado, com o desenvolvimento do comércio digital. A missão dos Correios de atuar em todos os municípios, garantindo uma integração nacional, além das funções sociais e humanitárias, serão descartadas em nome do lucro. Isso nós não podemos deixar acontecer”, afirma Raquel de Paula, vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios do Vale do Paraíba (Sintect-VP).

A privatização vai produzir um apagão postal e logístico no país. Ao não ter mais uma estatal que preste serviço à população, haverá inúmeras dificuldades; desde receber uma simples fatura de cartão de crédito até vacinas. Foi o que aconteceu em países onde empresas postais foram privatizadas, como Argentina e Portugal.

Maioria é contra

Não é por acaso que a maioria da população é contra a privatização. Um levantamento feito pelo instituto Paraná Pesquisas mostra que mais da metade da população brasileira (50,3%) é contrária à privatização dos Correios. No Nordeste, esse percentual atinge 55,2% da população da região. A pesquisa mostra que, em todas as regiões brasileiras, a venda da estatal é rejeitada.

A população é contra a privatização porque reconhece o serviço de qualidade e o papel social desenvolvido pela estatal. Por isso não cai nas mentiras de Bolsonaro que governa para os ricos e quer entregar nossas empresas estatais às multinacionais.

Não às privatizações

Privatização é apagão da soberania

É preciso realizar uma forte campanha em defesa da estatal, informar a população sobre o desastre que representa a privatização, que vai acabar com os serviços prestados pela empresa e encarecer muito a entrega de encomendas. Os Correios devem ser 100% público e estatal, mantendo sua missão social, sob o controle dos trabalhadores, que sabem como funciona a empresa e podem administrá-la de acordo com as necessidades da população.

A privatização é parte do plano de desestatização levado a cabo por Bolsonaro e Guedes. Além dos Correios, o governo pretende entregar a Eletrobras às multinacionais. O resultado também será trágico, com mais riscos de apagão e contas de luz ainda mais caras do que estão hoje.  Vamos à luta contra as privatizações, pela reestatização das empresas privatizadas, defender a soberania do país e botar esse governo pra fora!