O terrorista bolsonarista George Washington
Redação

A prisão do terrorista bolsonarista George Washington de Oliveira Souza na noite de sábado, 24, às vésperas do Natal, revelou um plano de atentado que, se concretizado, poderia ter matado centenas de pessoas. Seria o maior atentado terrorista perpetrado pela extrema-direita no país, tendo sido frustrado somente pela denúncia realizada pelo motorista do caminhão-tanque estacionado no aeroporto de Brasília, que desconfiou do artefato explosivo instalado no veículo.

O atentado terrorista não foi frustrado pela ação da polícia, muito pelo contrário, foi justamente a omissão, quando não o apoio, das forças de segurança que permitiu que as ameaças escalassem até a preparação do ataque, o que poderia ter provocado um atentado sem precedentes no país.

Primeiro, o bolsonarista, como CAC (Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador), conseguiu reunir em sua residência um verdadeiro arsenal com enorme poder de destruição avaliado por ele mesmo em R$ 160 mil. É evidente que existem financiadores por trás desses preparativos. Segundo, o empresário transportou livremente esse arsenal do Pará ao Distrito Federal, incluindo dinamites que são de uso do Exército, responsável pela fiscalização desse tipo de material. Terceiro, em conluio com comparsas do QG bolsonarista em Brasília, instalou e armou os explosivos.

Arsenal apreendido com terrorista bolsonarista

A intenção do terrorista de extrema-direita seria o de provocar o “caos” para justificar a decretação de uma GLO (Garantia da Lei e da Ordem), um Estado de Sítio e um autogolpe de Bolsonaro.

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Bolsonaro é responsável

Em todos os aspectos, Bolsonaro e o seu entorno é responsável direto pela ameaça terrorista da extrema-direita, com a cumplicidade das Forças Armadas, que protegem os manifestantes armados pró-golpe militar. O próprio empresário afirma que se motivou a montar seu arsenal através dos discursos de Bolsonaro, o que reforça o objetivo por trás da política de liberação massiva das armas através dos CAC’s: armar suas próprias milícias paramilitares, protegidas pelos militares.

Os mesmos que vivem tentando criminalizar manifestações legítimas do povo pobre, chamando de “terroristas” ocupações de terrenos vazios por sem-tetos ou sem-terras, ou greves e manifestações de trabalhadores, protegem os verdadeiros terroristas, defensores de ditadura e golpe militar. E que usam bombas e ameaçam explodir aeroporto, hotéis e estação de água e cidades inteiras.

O silêncio cúmplice de Bolsonaro esconde uma articulação por trás dos panos para impulsionar as manifestações contra o resultado das eleições. Espera com isso manter um setor de sua base insuflada e radicalizada. Ainda que não tenha força ou expectativa de lançar mão de alguma medida de força para impedir sua saída do Planalto, uma base mobilizada poderia lhe garantir certa relevância para continuar cumprindo um papel de liderança da extrema-direita no futuro, e negociar alguma anistia a seus inúmeros crimes tão logo deixe a cadeira de Presidente, enquanto viaja para baixo das botas de Trump nos EUA.

A responsabilidade das forças de segurança

A preparação do atentado está longe de ser um raio em ceu azul. A escalada de violência e ameaças bolsonaristas ocorrem com a completa omissão de setores das forças de segurança. Da forma amistosa com que o atirador Roberto Jefferson foi conduzido à prisão após ter tentado assassinar quatro policiais federais em outubro, à impunidade da deputada Carla Zambelli, que sacou sua arma em via pública às vésperas das eleições, até, principalmente, a omissão da polícia diante do caos protagonizado por bolsonaristas no último dia 12 em Brasília. Fato que, aliás, motivou Washington a levar adiante o atentado, certo das vistas grossas das autoridades, já que, segundo seu próprio depoimento, “os PMs e os Bombeiros responsáveis por conter os manifestantes que me disseram que não iriam coibir a destruição e o vandalismo desde que os envolvidos não agredissem os policiais“.

A isso se soma a inédita troca antecipada do comando do Exército e da Marinha, poucas horas antes da posse oficial do novo governo. É uma forma de o comando das Forças Armadas demonstrar resistência em reconhecer o resultado eleitoral, e também apoio ao bolsonarismo. Mais lamentável ainda que isso ocorra em acordo com a transição do novo governo e do futuro ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, nome inclusive elogiado pelo próprio vice de Bolsonaro e senador eleito pelo Rio Grande do Sul, Hamilton Mourão.

Múcio, e o futuro ministro da Segurança Pública, Flávio Dino, apontam não para o enfrentamento do bolsonarismo nas forças de segurança, mas para a tentativa de conciliação, acordo e a perpetuação da impunidade a quem ameaça com golpe, com armas nas mãos. E a repetição de atentados terroristas de extrema-direita, copiados do passado, quando, dos estertores da ditadura, os “heróis” dos bolsonaristas acabaram explodindo a si próprios no famoso episódio do Rio-Centro. Nem a surrada tentativa de acusar a esquerda é novidade, nessa farsesca extrema-direita.

Prisão dos mandantes e todos os terroristas de extrema-direita

Se por um lado Bolsonaro e o seu entorno, até por não contar com forças para isso, não tem como realizar uma insurreição armada para instaurar uma ditadura no país, por outro joga com esse tipo de ameaça para manter sua base organizada, radicalizada e insuflada. A tentativa de ataque terrorista revela ainda que não se trata de mera ação isolada, mas de um ato com suporte financeiro e até militar. Seria preciso investigar, identificar e punir exemplarmente todos os envolvidos nessa tentativa de atentado, bem como todos os mandantes e coordenadores das manifestações a favor de um golpe, amplamente financiados por setores do comércio e do agro.

É ainda um absurdo não haver investigação e punição exemplar para Bolsonaro e sua família.

Não se pode, contudo, depositar nenhuma confiança nos comandos dos órgãos de segurança pública para se debelar a extrema-direita e suas ações armadas. No entanto, quanto mais ameaçam, mais o PT e o novo governo se fiam nas instituições, como agora quando, diante de evidências cada vez mais explícitas de envolvimento das polícias nos atos golpistas e na tentativa de atentado, chamam a Força Nacional de Segurança para garantir a posse de Lula. Ao invés de demitir e punir exemplarmente toda a cúpula bolsonarista conivente com os atos golpistas, nomeia o ministro que ela aceita porque, com ele, seguirão mandando.

Avançar na preparação da autodefesa

A tentativa de atentado reforça ainda mais a necessidade de a classe trabalhadora garantir sua mobilização e organização independente do governo Lula-Alckmin, de frente ampla com a burguesia, e inclusive, avançar na discussão da preparação da autodefesa por parte da classe trabalhadora e dos setores populares. A extrema-direita e o bolsonarismo seguirão organizados, armados e contando com o apoio, explícito ou não, de setores das forças de segurança para continuarem ameaçando com um golpe ou atacando o movimento.

É preciso fazer o contrário do que vem fazendo e apontando o governo Lula-Alckmin, não depositar qualquer confiança nas instituições dessa “ricocracia” avançar na mobilização independente da classe para, através de suas próprias forças, lutarem por emprego, renda, terra e todas suas reivindicações, mudando as condições que possibilitaram o surgimento do bolsonarismo e da extrema-direita e, ao mesmo tempo, avançar na autodefesa para enfrentar e derrotar a extrema-direita e suas ameaças.

Para enfrentar, até o fim e de forma consequente a ultradireita, é necessário construir uma alternativa de classe, independente da burguesia e, portanto, do governo Lula-Alckmin. Do contrário, a classe trabalhadora, a juventude e os setores populares serão reféns da classe dominante, do “mal menor” e, por tabela, da covardia com a qual se tolera essa extrema-direita, seus atentados e sua violência.