PSTU Ceará

Os empresários do transporte privado de Fortaleza e Região Metropolitana vem se aproveitando da pandemia e da conivência dos governos para lucrar, por um lado em cima da precarização das condições de trabalho e salariais dos rodoviários e por outro lado, em cima da precarização do serviço prestado aos usuários e de ônibus super lotados em meio à pandemia de COVID-19.

Em resposta, os trabalhadores aprovaram nessa quinta-feira (03/06) a deflagração de uma greve em defesa das condições salariais a categoria e da vacinação para todos.

O PSTU Ceará entrevistou Flávio Braz, dirigente do sindicato dos rodoviários do Ceará e membro da Executiva Estadual da CSP Conlutas no estado sobre a greve.

PSTU CE: Bos tarde Braz, obrigado pela entrevista. As imagens da assembleia são muito fortes, os trabalhadores vibravam com a decretação da greve, como estão os trabalhadores nesse momento?
BRAZ: Os trabalhadores estão cansados. Nos últimos anos os patrões vem se aproveitando da pandemia para diminuir salários e direitos e manter a frota reduzida. A greve nesse momento é só o estopim de uma indignação que vem crescendo entre os trabalhadores.

PSTU CE: Os empresários primeiro demitiram todos os cobradores e depois saíram cortando direitos, não foi isso?
BRAZ: Sim, foi exatamente isso. Em 2019, com a autorização e o apoio do governo do PT e da prefeitura do PDT, junto com a câmara de vereadores, eles demitiram mais de 4 mil pais e mães de família que trabalhavam como cobradores. A justificativa era que os ônibus não poderiam mais rodar com dinheiro pra evitar os assaltos. Logo depois da demissão dos cobradores voltaram a aceitar dinheiro, agora obrigando os motoristas a receber os pagamentos, ao mesmo tempo em que dirige. Depois disso se aproveitaram das medidas provisórias do Bolsonaro e reduziram a carga horária dos trabalhadores com redução de salários. Para isso contaram com o apoio do governador Camilo e do prefeito de Fortaleza que na época era o Roberto Claudio para reduzir a frota de ônibus no meio da pandemia, gerando superlotação. Ainda enfiaram goela abaixo da categoria uma jornada diferenciada que precariza parte dos trabalhadores. Por isso digo que a greve é o estopim, a categoria não aguenta mais.

PSTU CE: O que os trabalhadores estão reivindicando nesse momento e o que os patrões estão oferecendo?
BRAZ: A nossa pauta reivindica principalmente reposição de perdas. Não tivemos nenhum aumento em 2020. Agora os patrões querem dar somente 2,46% de 2020 e não dar nada de 2021, e aumentar apenas R$ 5 na cesta básica. Alem disso queremos reposição de direitos perdidos e a vacina pra categoria. É o básico e nem isso eles querem dar.

PSTU CE: Fale sobre a importância da vacina para a categoria
BRAZ: Nós defendemos a vacinação imediata de todo o povo brasileiro. Só isso pode parar o vírus. Mas a nossa categoria, apesar de não estar na linha de frente do combate ao COVID, nunca parou de trabalhar porque realizamos um serviço essencial. Nós passamos o dia dentro de um ônibus lotado conduzindo passageiros. Vários de nossos companheiros do setor adoeceram, alguns morreram. Os empresários e nenhum governo está preocupado com a nossa saúde e a nossa vida, a preocupação deles é apenas de seguir ganhando dinheiro, morra quem morrer.

PSTU CE: Alem de tudo os empresários mudaram o plano de saúde dos rodoviários por um de cobertura menor no meio da pandemia, não é verdade?
BRAZ: Sim, é verdade. No meio da pandemia mudaram o nosso plano de saúde. Vários companheiros que precisaram de assistência tiveram negada. Nós fizemos várias lutas conta essa mudança e certamente isso vai estar nos gritos de guerra dos trabalhadores grevistas.

PSTU CE: Obrigado Braz pela entrevistas. Nós do PSTU vamos estar juntos na greve
BRAZ: Obrigado também pelo espaço. Queria aproveitar para chamar os trabalhadores rodoviários a se unificar nesse momento em torno das pautas da nossa greve. Nesse momento é muito importante a mais ampla unidade da categoria. Gostaria de chamar também os trabalhadores e os movimentos sociais cearenses e brasileiros a encher de solidariedade essa greve. No dia 29 agora nós fomos pra rua e retomamos as mobilizações contra o Bolsonaro. Essa greve tem a importância de chamar os trabalhadores a paralisar também os serviços, seria importante inclusive construir uma greve sanitária contra Bolsonaro e sua política genocida.