Deyvis Barros, do Ceará (CE)

Deyvis Barros, de Fortaleza (CE)

Na manhã desta quarta-feira, dia 30 de outubro, os rodoviários de Fortaleza, no Ceará, e Recife, em Pernambuco, realizaram manifestações contra o fim dos cobradores de ônibus e o acúmulo de funções dos motoristas. Nas duas capitais, o protesto da categoria se estendeu das 8h até as 11h da manhã.

Segundo Edweyne Martins, que é cobrador de ônibus em Fortaleza e diretor do sindicato da categoria, o Sintro, “os empresários primeiro se apoiaram em uma luta justa da categoria dos rodoviários e da população em geral contra os assaltos nos ônibus para dizer que a solução era parar de receber dinheiro nos coletivos. Iniciaram então com o auto-atendimento, em que o passageiro é obrigado a ter o cartão para pagar a passagem, senão não pega o ônibus. Agora estão querendo que os ônibus voltem a circular com o dinheiro, mas como não tem mais cobradores, quem vai receber são os motoristas. Pra completar o valor do cartão é R$ 5 e a passagem é R$ 3,60, dando um prejuízo de R$ 1,40 para os passageiros. Não podemos aceitar nem a demissão dos cobradores, nem a dupla função dos motoristas e nem esse roubo aos passageiros”.

O modelo implantado em Recife é ainda pior, porque foram demitidos os cobradores sem que se deixasse de receber passagens em dinheiro nos ônibus. Então os motoristas, além de guiar o coletivo lotados em ruas movimentadas da cidade, ainda precisam receber o dinheiro e passar o troco dos passageiros.

Zé Batista

Para Zé Batista, dirigente do PSTU em Fortaleza, “os prefeitos que são eleitos com dinheiro de empresários em suas campanhas eleitorais, no caso de Fortaleza, o prefeito Roberto Cláudio, assim como a ampla maioria dos vereadores, tem rabo preso com os patrões. Eles não estão preocupados com o conforto dos usuários do transporte público e nem com a segurança e as condições de trabalho da categoria rodoviária. A preocupação deles é em aumentar os lucros dos donos das empresas. Figuras como Jacó Barata, dono de empresas de ônibus em Fortaleza, condenado por corrupção, que continuam lucrando às custas do aperto da população e da demissão de pais e mães de família da categoria rodoviária”.

Até agora em Fortaleza já foram demitidos milhares de cobradores e o sindicato dos empresários do transporte, o Sindiônibus, ainda acenou que precisaria de um reajuste nas já altíssimas passagens porque, segundo eles, estariam tendo prejuízos.

Para mudar a lógica e garantir um transporte público de qualidade para a população e, ao mesmo tempo, valorizar os trabalhadores rodoviários, é preciso um governo socialista que não tenha rabo preso com os patrões. É possível ter um transporte público de qualidade, com aumento da frota para diminuir o tempo de espera e a superlotação nos veículos e com uma tarifa bem menor do que a que é aplicada hoje, indo em direção à tarifa zero. Também é possível garantir passe livre para desempregados e estudantes, alem dos que já tem esse direito garantido por lei. Mas para fazer isso o transporte público não pode estar sendo controlado por meia dúzia de empresários gananciosos que só pensam em seu lucro.

Ainda segundo Zé Batista, “o transporte público precisa ser municipalizado e colocado sob o controle dos rodoviários e dos usuários. Somos nós que pegamos ônibus todos os dias que sabemos onde o coletivo aperta e o que é preciso fazer para ter uma ida e voltar pra nossa casa com conforto. Chega de entregar o nosso deslocamento na mão de empresários gananciosos e corruptos”, concluiu o dirigente do PSTU.

O PSTU está solidário com a luta dos trabalhadores do transporte público e convoca a população a se somar às mobilizações da categoria contra essas medidas das prefeituras e dos empresários que só causam desemprego, sucateamento do serviço prestado à sociedade e acidentes.