PSTU-RN

Tiago Silva, do PSTU-RN

A Prefeitura de Natal liberou a exigência do passaporte vacinal para entrada em estabelecimentos comerciais na cidade e voltou a permitir a realização de shows, festas e eventos privados na capital potiguar, nessa terça-feira, dia 25. As medidas são consequência de reunião com empresários dos ramos de bares, eventos, turismo e restaurantes.

A decisão irresponsável da gestão municipal vem num contexto crítico da pandemia da covid-19 no Rio Grande do Norte. No estado, as internações em UTIs Covid nas redes pública e privada cresceram 147% nos últimos 15 dias. De acordo com o último boletim epidemiológico diário da Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap), há 156 pessoas internadas em leitos críticos, sendo 90 em leitos SUS e 60 em particulares.

Nessa terça, o estado chegou a 70% de ocupação dos leitos críticos para covid, de acordo com a plataforma Regula RN. A taxa não era atingida desde 28 de junho de 2021. O boletim da Sesap registrou também nessa terça mais 2.610 novos casos confirmados da doença. No total, o estado tem 407.517 casos confirmados e 7.651 mortes desde o início da pandemia.

Enquanto isso, os centros de enfrentamento às síndromes gripais seguem lotados. No Cemure, no bairro Nazaré, Zona Oeste de Natal e no Ginásio Nélio Dias, na Zona Norte, por exemplo, os pacientes madrugam para receber atendimento. Devido à alta demanda, o atendimento nesses centros é encerrado mais cedo. Em média, metade dos testes realizados apresentam resultado positivo.

O aumento de casos da covid-19, devido à variante Ômicron e o surto de H3N2, fez com que várias equipes de saúde se afastassem, aumentando ainda mais a sobrecarga de trabalho nas unidades.

Érica Guarani, técnica em enfermagem e militante do PSTU/RN, conta que a situação no Hospital Municipal de Natal é de um verdadeiro cenário de guerra: “Vários trabalhadores e trabalhadoras foram afastados por covid-19. Atualmente, a UTI está sem enfermeiro, tendo apenas um técnico que tem que se dividir para atender ao mesmo tempo, em média, nove pacientes”, desabafa.

Érica diz ainda que faltam insumos básicos, remédios e que os servidores e servidoras têm que reaproveitar seus Equipamentos de Proteção Individual (EPIs). “Nós estamos sem EPIs descartáveis. Temos que usar apenas um capote durante o dia todo e uma máscara N95 por 15 dias”.

Mesmo diante desses problemas, o prefeito Álvaro Dias (PSDB) suspendeu as férias dos profissionais da saúde e cortou a gratificação covid. Além disso, não discute o reajuste salarial da categoria.

Esses exemplos reforçam ainda mais que a Prefeitura do Natal nunca esteve do lado dos trabalhadores e não prioriza os servidores nem os serviços públicos. A gestão municipal deveria ter decretado lockdown no início da pandemia, como defendeu o Sindsaúde/RN, e ter negociado com os servidores e servidoras para atender suas reivindicações. Ao contrário, promove aglomeração no transporte público, permitiu a realização do Carnatal em dezembro de 2021, recomendou remédios sem comprovação científica para o tratamento da covid-19 e reabriu o comércio mesmo sem a pandemia estar controlada.

Assim como o prefeito Álvaro Dias, a governadora Fátima Bezerra (PT) também recusou o pedido de lockdown dos servidores da saúde, como medida urgente para conter o avanço da pandemia. A política adotada foi de constante flexibilização do isolamento e nenhuma ajuda emergencial aos desempregados e pequenos comerciantes, como isenção de impostos, suspensão de contas de água e luz ou um auxilio sequer de R$ 600. Na verdade, tanto o prefeito quanto a governadora colaboraram com o rastro de morte deixado por Bolsonaro, que no RN já atinge quase 7 mil vítimas da covid-19.

Por isso, o PSTU/RN se soma também ao ato que ocorrerá na próxima terça-feira, dia 01/02, às 8h, em frente ao Hospital Municipal de Natal, contra os ataques do prefeito Álvaro Dias, o descaso da governadora Fátima e o genocida Bolsonaro.