Redação
Nesta terça-feira, 22, Valdemar da Costa Neto, condenado por corrupção no escândalo do mensalão e atual presidente do PL, partido de Bolsonaro, apresentou um pedido para a anulação da maioria das urnas utilizadas no 2º turno das eleições. Isso reverteria o resultado do pleito e daria vitória a Bolsonaro que, evidentemente, subscreveu o pedido.
A cara de pau é tamanha que, apesar de alegar uma infundada fragilidade nas urnas, Costa Neto defende a reversão apenas do resultado do 2º turno. Óbvio, já que no 1º o seu partido fez a maior bancada da Câmara, além de governadores e senadores pelo país. O chefe da quadrilha que ocupa hoje o Planalto sabe que perdeu as eleições, mas, a mando de Bolsonaro, tenta uma manobra golpista e ainda manter a base bolsonarista mobilizada nas manifestações que exigem das Forças Armadas um golpe militar.
Continua não havendo correlação de forças e a possibilidade para um golpe hoje, mas esse posicionamento de Bolsonaro e do PL é uma atividade em prol de uma manobra golpista, questionando a posse, por um lado, e buscando criar uma legitimidade para uma ação golpista futura.
Junta-se a essa ação do PL, a posição dúbia publicizada pelo comando das Forças Armadas que, na prática, joga água no moinho do discurso golpista. Além da conivência, quando não apoio, aos atos golpistas, a exemplo da direção da Polícia Rodoviária Federal.
É preciso repudiar essa política de Bolsonaro de criar uma narrativa, ou uma desculpa, para afirmar que venceu as eleições, quando é evidente, e ele bem sabe, que perdeu.
Não comporemos, nem apoiaremos o futuro governo Lula-Alckmin. Temos denunciado seu projeto capitalista e burguês, em aliança com a direita e, inclusive, com setores até hoje bolsonaristas. Desde já estamos apontando a necessidade de construir uma oposição de esquerda dos trabalhadores ao futuro governo lula. Mas, diante dos ataques de Bolsonaro e da ultradireita questionando sua vitória, defendemos a posse de Lula.
Não confiamos no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ou em Alexandre de Moraes para frear, de forma definitiva, essa movimentação criminosa. Inclusive, é um absurdo o PT chamar o povo a confiar nas instituições dessa “ricocracia” e minimizar as ameaças golpistas, promovendo uma confiança cega no atual regime, no Judiciário, ou até mesmo nas Forças Armadas. Isso só se explica porque a transição em curso, e o futuro governo do PT, estão comprometidos com parte majoritária da classe dominante que, se hoje não quer um golpe militar, deseja a continuidade de uma política econômica que garanta seus lucros e, inevitavelmente, seguirá reproduzindo as condições econômicas e sociais que dão base ao bolsonarismo.
O show criminoso e golpista protagonizado pelo quadrilheiro, a cada dia, reforça a necessidade da organização e mobilização independente da classe trabalhadora, e da construção da autodefesa dos setores populares. Só a classe trabalhadora, confiando em suas próprias forças, pode enterrar de vez as ameaças de golpe, que o bolsonarismo promete arrastar indefinidamente.
Não podemos mais aceitar que essa sombra e chantagem do golpismo pairem sobre o povo. Os que ameaçam, sejam velhas raposas corruptas, ou generais de 4 estrelas, devem ser investigados, responsabilizados e punidos. Assim como os empresários que, junto com Bolsonaro, financiam e coordenam os atos golpistas. Nenhuma anistia ou acordão com a ultradireita e golpistas! Abertura dos sigilos de 100 anos de Bolsonaro, investigação e punição exemplar de seus crimes, e de sua família.