Entre as medidas apresentadas estão o aumento para 400 escolas cívico-militares e o policiamento nas unidades escolares | Foto: PMPR/Divulgação
PSTU Paraná

Diante do pânico causado pelos casos e tentativas de ataques em escolas, o governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), anunciou um pacote de medidas que busca coibir casos como esses em nosso Estado. Dentre as medidas apresentadas estão o aumento para 400 escolas cívico-militares e o policiamento nas unidades escolares.

Para nós do PSTU, são medidas insuficientes e ainda geram novos problemas. As escolas precisam ser um espaço de aprendizagem e acolhimento, não espaços mais violentos e repressivos. Além disso, não existe nenhuma comprovação científica que colocar policiais armados resolva a questão, muito pelo contrário.

Pegando o exemplo dos EUA, atualmente 51% das escolas têm guardas armados. Mas isso não fez o número de atentados diminuir. Pelo contrário, 2021 e 2022 foram os anos com maior número de atentados a escolas com mortos na história do país.

Um estudo do Instituto Nacional de Justiça dos EUA aponta que o número de mortes em escolas com guardas armados tende a ser quase três vezes maiores do que naquelas sem seguranças armados.

No caso brasileiro, é importante frisar que a polícia é uma instituição de um Estado racista e que utiliza sua força como mecanismo de repressão e controle da população pobre e negra, em especial nas periferias. Isso pode levar ao aumento dos casos de violência e evasão escolar. O fato do pacote de Ratinho focar em escolas da periferia, sem nenhum registro de ameaça até o momento, denota que o projeto tem outra finalidade.

Além disso, a transformação dos colégios em cívico-militares traz a lógica da meritocracia, onde “os melhores vencem”, mas é justamente pelo sentimento de falta de perspectiva causada pelo capitalismo que ocorrem ataques como estes. Este modelo também intensifica as opressões que mulheres, LGBTIs e negras e negros sofrem diariamente. Basta observar as denúncias de suspeita de assédio ocorridas em nosso estado.

Isso não quer dizer que defendemos que os autores de atos como o de Blumenau e São Paulo não sejam punidos. Muito pelo contrário. Precisam ser punidos exemplarmente. Mas o que estamos discutindo é quais medidas emergenciais são efetivas para impedir novos atentados agora, e quais estruturais são necessárias para acabar de vez com isso. E o policiamento das escolas não é a solução.

Diante desse problema real, a comunidade escolar (professores, servidores, mães, pais, estudantes e população do entorno das escolas) deve se organizar para prevenir e se defender de possíveis ataques. Isso poderia funcionar com os membros da comunidade escolar elegendo brigadas de autodefesa dentro da própria comunidade.

Ao invés de colocar policiais armados que desconhecem os estudantes, é necessário investir em servidores efetivos para as escolas. O sucateamento da rede estadual realizada por Ratinho Júnior levou à extinção do quadro de funcionários e a terceirização deixou escolas sem profissionais contínuos nas unidades. Com servidores efetivos é possível garantir mais proximidade, mais confiança, segurança e maior possibilidade de identificar casos antes que ocorram.

Como é possível observar, o governador propôs medidas insuficientes. Ratinho Júnior, ao invés de propor medidas repressivas de cima para baixo, precisa ouvir os envolvidos e construir alternativas junto com eles. A própria comunidade escolar organizada encontrará as melhores formas de se defender e que não são estas propostas pelo governador do Paraná.

Leia também

Atentados contra escolas: por que acontecem? O que podemos fazer?