Colégio Estadual Helena Kolody, em Cambé (PR) | Foto: Divulgação
PSTU Paraná

As primeiras horas da manhã desta segunda-feira (19) foram tristes em Cambé, município paranaense na região metropolitana de Londrina. Por volta das 9h, uma adolescente de 16 anos foi assassinada após um ataque a tiros no Colégio Estadual Helena Kolody, na região central da cidade. O ataque também deixou outro adolescente gravemente ferido.

O autor dos disparos é um ex-aluno, de 21 anos, que planejava o ataque contra a escola desde 2020. Em depoimento realizado à Polícia Civil do Paraná, após a prisão em flagrante, o jovem informou que seu objetivo era se vingar do bullying sofrido na instituição em 2014. Disse também que não conhecia as vítimas, que escolheu os alvos por terem a mesma idade que tinha no período e buscava atingir o maior número de estudantes possível.

O PSTU Paraná se solidariza com a família das vítimas e entende que estes episódios não ocorrem de maneira isolada, fazem parte de um problema que vem se agravando no último período. Apenas neste ano, vimos ataques como este ocorrer em Blumenau (SC) e na capital paulista. Segundo levantamento realizado por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), foram registrados 20 ataques a escolas de 2002 a 2023 no Brasil. Do ano passado para cá, o número de atentados já é maior que o total registrado nos 20 anos anteriores.

Neste contexto, precisamos fazer um debate profundo sobre as raízes dessa violência e as saídas que efetivamente possam resolver tal situação.

O capitalismo está levando o mundo para a barbárie

O aumento deste tipo de violência não ocorre de maneira isolada da sociedade em que os jovens estão inseridos. Decorre de uma sociedade na qual faltam perspectivas de futuro para a juventude, com aumento na violência diária e nos preconceitos contra os setores oprimidos, como mulheres, negros, imigrantes, LGBTIs, entre outros.

Além disso, a educação no Brasil vai de mal a pior, pois não passa de um espaço opressor, de repressão e cada vez mais precarizado. Os estudantes são obrigados a frequentar a escola para buscar seguir uma carreira e sobreviver no mundo. Mas, não existe emprego para todos e a sociedade está em tal decadência que praticamente não há perspectivas de futuro para o jovem hoje.

É neste contexto, diante desta angústia, que são ganhos pelos grupos e discursos ligados à ultradireita para a violência. Por isso, ela é o produto desse sistema capitalista doentio e é a sede insaciável da burguesia pelos lucros que alimenta as contradições sociais que geram essa falta de perspectiva, os preconceitos e a própria violência.

Saídas dos governos Lula e Ratinho Júnior são insuficientes

Diante do aumento da violência nas escolas, as respostas apresentadas pelos governos federal, de Lula, e estadual, do governador Ratinho Júnior (PSD), se provaram insuficientes. Ambos concentram suas saídas em uma resposta policial para combater os atentados.

O correto seria os governos investirem em mais recursos para diminuir a quantidade de alunos por sala de aula, ter uma política consequente de combate às formas de opressão, investir em investigação para coibir os casos antes que aconteçam, aumentar o número de funcionários concursados nas escolas, promover a organização da comunidade escolar através de brigadas de autodefesa e aumentar o investimento no SUS para a garantia de mais profissionais que possam auxiliar no apoio psicológico demandado.

Além disso, é preciso revogar o Novo Ensino Médio e a Reforma Trabalhista, pilares de sustentação deste modelo baseado no individualismo, competitividade, opressão e repressão.

Entretanto, enquanto a sociedade continuar rumando em direção da busca do lucro de poucos, a juventude está condenada ao adoecimento e à falta de perspectivas. Portanto, para avançarmos de verdade é necessário discutirmos outro tipo de sociedade. Para evitarmos novas tragédias como esta, é preciso lutarmos para destruir as bases dessa sociedade doente e construirmos uma sociedade mais humana: uma sociedade socialista.