11ª Plenária Social reúne mais de 80 participantes, representando 22 Estados, e dá novo impulso à campanha contra a Alca e a luta pelo plebiscito oficial
A Plenária Social, ocorrida nos dias 7 e 8 de abril em São Paulo, deu prioridade ao trabalho com o abaixo-assinado, estendendo a duração dessa fase da campanha até setembro e estabelecendo um calendário que permite repetir num patamar superior o sucesso obtido em 2002 com o Plebiscito Popular.
No primeiro dia debateu-se a situação nacional e realizou-se uma avaliação da campanha nos diversos Estados. No dia 8 debateu-se a continuidade da campanha e o encaminhamento das resoluções.
Sobre a conjuntura nacional, a partir de exposições de Plínio de Arruda Sampaio Jr. e Paulo Nogueira Batista, a plenária constatou que o governo Lula está seguindo por um caminho de aprofundamento da política econômica de FHC, buscando a resolução da crise atual por dentro do neoliberalismo ou da tentativa de reciclagem do modelo.
Plínio Jr. disse que dois elementos marcam profundamente o cenário nacional: a) existe uma crise estrutural do modelo; b) existe uma blindagem institucional que busca manter o neoliberalismo. Essa blindagem dá ao capital a possibilidade de reagir com virulência a qualquer ação do Estado. Por isso, diz ele, não há saída sem traumas.
Ele conclui sua análise apontando que há três saídas para a crise: a) tenta mudar, mas não consegue seria a Argentina; b) Mudar, aprofundando e reciclando o modelo daria México; c) Superação. Esta terceira, a que nos interessa, diz ele, a burguesia não quer nem ouvir falar, porque implica em ruptura.
Paulo Nogueira Batista começou sua exposição dizendo que era necessário ter certa paciência com o governo porque ele só tem cem dias. Porém, disse que não compreendia porque o governo vinha tendo propostas iguais à de FHC. Falou que estava preocupado, pois a Fazenda estava namorando a idéia de aprofundar a agenda do governo anterior: daí a proposta de autonomia do Banco Central. Disse, por fim, que não queria imaginar que de fato o governo optasse por isso, porque seria um gigantesco estelionato eleitoral.
Os dois expositores insistiram na necessidade de que o movimento siga exigindo a ruptura das negociações e também um Plebiscito Oficial sobre a Alca o mais cedo possível.
Muitos questionaram essa idéia de ter paciência com o governo. Uma pergunta questionou se a busca de um acordo comercial, não incluindo toda a agenda da Alca, seria possível e benéfica.
Nogueira Batista respondeu que se referiu a paciência como ironia. Quanto à estratégia de seguir negociando a Alca, apenas para chegar a um acordo comercial, disse que era inviável e, se fosse possível, seria muito ruim. Porque num tratado de livre comércio com gigantes o país seria esmagado. Disse também que vê em Celso Amorim e Samuel Pinheiro Guimarães uma cabeça de ponte dentro do Itamaraty contra acordos lesivos, porém que a maioria do órgão segue tomado por figuras da gestão anterior, totalmente favoráveis ao modelo FHC, a começar pelo negociador na OMC. Disse ainda que o ministério da Fazenda e o FMI têm muita força para interferir nas negociações da Alca, mais que o Itamaraty.
Plínio afirmou que o movimento não deve ter paciência alguma com o aprofundamento do modelo. Hoje, os trabalhadores estão pacientes, mas o mercado não. Eles estão fazendo coisas já, enquanto a pátria mãe está distraída. Precisamos andar na contramão do senso comum do povo e despertar a consciência da massa para a mudança social, afirmou.
Post author Mariúcha Fontana,
da redação
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