CSP Conlutas

Central Sindical e Popular

Os indígenas Ianomami em Roraima (RR) foram novamente vítimas da violência em seu território no último final de semana. No sábado (29), um indígena foi morto e outros dois baleados em um ataque coordenado por garimpeiros.

No dia seguinte, em confronto com a Polícia Rodoviária Federal, quatro garimpeiros foram mortos. O novo acirramento dos conflitos ocorre três meses após o início da operação do governo para desmantelar o garimpo ilegal na região.

No início do ano, segundo informações do Planalto, mais de 20 mil invasores deixaram as terras indígenas. 327 acampamentos, 18 aviões, 2 helicópteros e dezenas de barcos e tratores utilizados nos crimes foram destruídos.

O ataque de garimpeiros que vitimou o agente de saúde Ilson Xirixana, que trabalhava no Distrito Sanitário Indígena Ianomami, foi o quarto desde o início das ações do governo em Roraima.

Estado de Emergência

O território Ianomami está em Estado de Emergência de Saúde Pública desde 20 de janeiro. A crise sanitária que assola o povo originário está diretamente associada ao avanço do garimpo ilegal.

O ex-presidente Jair Bolsonaro incentivou e estimulou as ações dos garimpeiros durante todo seu mandato. Além da defesa em público da atividade criminosa, Bolsonaro e o Congresso “passaram a boiada” nos direitos indígenas e na legislação do meio ambiente.

A situação no local levou os povos indígenas a denunciarem Bolsonaro no tribunal de Haia por crimes contra a humanidade. A atuação do ex-presidente durante a pandemia contra os povos originários também conta na denúncia. 

Massacre

Em agosto de 2023, o Massacre de Haximu irá completar 30 anos. Na ocasião, em 1993, um grupo de garimpeiros entrou na aldeia ianomami de Haximu, na fronteira da Venezuela com o Brasil, e assassinou 12 indígenas.

Entre as vítimas, havia adolescentes, crianças e um bebê. Todos mortos a tiros ou a golpes de facão. Mesmo tendo ocorrido em solo venezuelano, o crime envolveu garimpeiros brasileiros que fugiram para o Brasil. Por isso, o caso foi julgado aqui no país e acabou sendo tipificado como genocídio.

“Apesar de tudo, o governo ainda tenta conciliar com garimpeiros. Isso comprova a força econômica do garimpo. O governo Lula tem de prender todos para descobrir quem são os financiadores e consumidores do ouro ilegal no país. Sem nenhuma anistia ou concessão“, defende o advogado e integrante do Setorial do Campo da CSP-Conlutas Waldemir Soares.

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“Precisamos lembrar que nos governos dirigidos por Lula e Dilma pouco ou quase nada se fez a favor dos povos indígenas”